Igreja: Patriarca identifica globalização de consumismo individualista como principal alerta do Papa

D. Manuel Clemente comentou primeira exortação apostólica de Francisco

Alfragide, Amadora, 11 dez 2013 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, afirmou hoje durante um encontro com os serviços da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que o principal “problema” identificado pelo Papa Francisco é o da globalização de consumismo individualista.

“Para ele (o Papa), o problema é que se globalizou uma mentalidade de tipo consumista e individualista”, alertou o também presidente da CEP, na iniciativa que decorreu no Seminário de Nossa Senhora de Fátima em Alfragide, arredores da capital portuguesa.

D. Manuel Clemente apresentou uma reflexão sobre a primeira exortação apostólica do Papa, ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho), na qual identificou como passagem central do documento o seu segundo número.

“O grande risco do mundo atual, com a sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada”, escreve Francisco, na referida passagem.

Para D. Manuel Clemente, estas linhas da ‘Evangelii Gaudium’ são “a chave” do documento papal.

“Se não partirmos daqui, não partimos do mesmo terreno que motiva a exortação”, advertiu, frisando que a alegria proposta é a “do Evangelho”, num mundo que “definha pelo seu isolamento”.

O patriarca de Lisboa destacou a importância de ter “no centro do catolicismo mundial” o espírito e a “experiência sul-americana” do primeiro Papa desta região do mundo.

“Aquilo que, no fundo, Francisco nos pede como cristãos é que sejamos outra publicidade: nós não temos a parafernália tecnológica daquela trágica equação desejo-consumo-indivíduo-globalização – e mal será que nós saíamos desta crise para voltar ao mesmo -, mas precisamos de ser convincentes”, declarou.

O presidente da CEP citou ainda o desafio que o Papa deixa para uma “nova etapa evangelizadora” nos próximos anos e recordou o que Francisco escreveu no número 25 da exortação apostólica, pedindo que “todas as comunidades se esforcem por usar os meios necessários para avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão”.

“O grande problema pastoral que temos pela frente é a reconfiguração comunitária da experiência cristã”, observou D. Manuel Clemente.

OC

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