Igreja/Sociedade: Patriarca pede reforço da «liberdade de consciência»

D. Manuel Clemente apresentou reflexão sobre 17.º centenário da publicação do Édito de Milão

Lisboa, 04 dez 2013 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa afirmou que o 17.º centenário da publicação do Édito de Milão, que concedeu liberdade religiosa aos cristãos no Império Romano, deve motivar os católicos a um reforço da “liberdade de consciência”.

“Há dezassete séculos, o Império mudou a sua política religiosa, em benefício da consciência cristã. Hoje cabe particularmente aos cristãos reforçarem a liberdade de consciência, em benefício da sociedade de todos”, declarou D. Manuel Clemente, esta terça-feira, durante o colóquio ‘Do Édito de Milão à atualidade: A Religião no espaço público’, que decorreu na Universidade Católica.

Numa conferência intitulada ‘313 – 2013, ou a afirmação da consciência’, o patriarca e historiador disse que “o verdadeiro ‘império cristão’ tem o seu trono na consciência humana”.

“Como tudo o que é humano, a consciência é relacional também, tendendo para a relação absoluta em que a verdade assenta. Ainda aí, sobretudo aí, há de gozar de inteira liberdade”, prosseguiu.

D. Manuel Clemente destacou que a política religiosa do imperador Constantino “deu azo ao desenvolvimento duma teologia do Império cristão, que perduraria muito tempo”.

“Do Império cristão de Eusébio de Cesareia (século IV) ao Quinto Império do nosso António Vieira (século XVII), o desígnio é o mesmo, providencial, missionário e universalista, na mais vasta das teologias políticas”, recordou.

Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, neste processo “ganhou-se” um ponto “preciso e precioso” para fundamentar a ação política em termos globais.

“Enquanto referido ao Evangelho, teria neste uma base irrecusável para avaliar as práticas que à sua sombra se intentassem”, acrescentou.

Segundo o especialista, o “império” vale na ordem “terrena e temporal”, sem se confundir com Deus, que, “ criando os homens em sociedade, lhes predispõe um ordenamento político”.

“O juízo é sempre da consciência humana e informada, que tanto respeita a ordenação divina das coisas como julga da conformidade destas com a lei mais alta a que devem obedecer”, observou.

OC

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