Fundação promove vigília de oração com bispo sírio este sábado, nos Jerónimos
Lisboa, 27 nov 2013 (Ecclesia) – Catarina Bettencourt, presidente da Direção da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), apresentou o relatório “Perseguidos e esquecidos?” onde constata que a perseguição aos cristãos “tomou proporções muito maiores, muito mais sérias e muito mais violentas”.
“Cada vez há mais perseguição, cada vez há mais uma ausência de liberdade religiosa e o que verificamos é que há países onde de facto a situação se tornou quase insustentável”, começa por explicar Catarina Bettencourt, em entrevista à Agência ECCLESIA.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre apresentou o último relatório sobre a liberdade religiosa “Perseguidos e esquecidos?”, onde analisou 30 países “em maior detalhe”, entre 2011-2013, e concluiu que em 75% dos casos verificados no mundo a vítima foi sempre um cristão.
“Nós verificamos que em alguns países de África, Médio Oriente e Extremo Oriente, há uma perseguição muito feroz contra a religião, contra todas as pessoas que querem livremente exercer a sua fé”, explica.
A presidente da AIS destacou o Sudão, a Eritreia, a Nigéria ou a Síria, “os chamados países da Primavera Árabe” que se transformaram “num verdadeiro inverno árabe, especialmente para os cristãos”.
Do “relatório sobre a perseguição aos cristãos por causa da sua fé”, destaque ainda para países como Afeganistão, Iraque, Arábia Saudita, China ou Coreia.
“É uma lista onde a perseguição tomou proporções muito maiores, muito mais sérias e muito mais violentas”, frisa Catarina Bettencourt.
Nestes países a raiz cristã está a desaparecer porque os cristãos estão a fugir e a AIS constatou que no Iraque, em 2003, antes da guerra, havia cerca de um milhão e meio de cristãos, “hoje há cerca de 250 mil”.
Os cristãos sentem necessidade de abandonar os seus países, “para salvar a própria vida, para exercer a sua fé” e “muitas vezes” as pessoas de religiões minoritárias são perseguidas noutros âmbitos como trabalho, educação, saúde.
[[v,d,4317,Entrevista a Catarina Martins da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre]]“Acaba por ter uma dimensão tão grande na vida e implica tanta coisa que a única solução é de facto sair para ter um trabalho mais digno, para poder dar educação aos filhos: “É de facto uma situação que temos vindo a acompanhar e que o cenário é dramático”, desenvolve a responsável.
Em Portugal, a Fundação AIS promoveu a presença do bispo do Iraque e da Síria para darem a conhecer a situação dos dois países, com missas, conferências e vigílias de oração.
D. Samir Nassar, arcebispo de Damasco, Síria, vai estar em Portugal de 29 de novembro a 2 de dezembro e da agenda consta uma vigília de oração no Mosteiro dos Jerónimos, este Sábado, às 16h30.
Por sua vez, D. Shlemon Warduni, bispo auxiliar de Bagdade, Iraque, chegou no dia 23 de novembro e regressa hoje ao seu país.
“A preocupação desses bispos é que as instituições ajudem as pessoas a manterem-se nos países. É ali que estão a raízes e se elas desaparecem há um desmoronar da própria religião naquela zona e são situações provavelmente irreversíveis”, clarifica Catarina Bettencourt.
A Fundação AIS tem verificado que em Portugal as pessoas “estão cada vez mais atentas a esta questão da liberdade religiosa”, uma problemática que “não era tida na Europa” porque existe liberdade aos vários níveis e “era um problema distante”.
“Nós verificamos que os portugueses não ficam indiferentes, têm ajudado estas causas e querem saber mais e querem juntos destas pessoas que estão a sofrer”, acrescenta a responsável da AIS.
PR/CB/OC