Sociedade: Inserção do ex-recluso tem de começar dentro da prisão

II jornadas de «O Companheiro» debateram a inclusão da pessoa reclusa

Lisboa, 29 out 2013 (Ecclesia) – A comunidade de inserção «O Companheiro» defende que a inserção de ex-reclusos tem de começar “dentro do próprio estabelecimento prisional” e debateu “percursos de liberdade” nas II Jornadas da instituição.

“Os novos desafios que colocamos foi que há um objetivo que é preciso começar a trabalhar no processo de inserção dentro do próprio estabelecimento prisional”, disse hoje à Agência ECCLESIA José Brites, diretor geral de “O Companheiro”, uma associação que trabalha com reclusos, ex-reclusos e seus familiares.

O desafio surge na sequência da aprovação em Conselho de Ministros, a 23 de julho último, da concretização de um processo de inclusão que comece “na leitura da sentença perspetivando a saída da prisão e a sua inserção laboral”, explicou José Brites.

Nas II jornadas promovidas pela instituição, sobre o tema “Percursos de liberdade: Novos Desafios”, a conclusão é que existe pouco trabalho desenvolvido nesta área porque é muito recente, sendo o trabalho de “O Companheiro” pioneiro no acompanhamento da inserção de ex-reclusos, desenvolvido há 26 anos.

A associação procura enquadrar os ex-reclusos “dotando-os de um conjunto de competências não só sociais, individuais mas perspetivando aquilo que é a atividade ocupacional”, revela o diretor geral da associação.

“Tendo uma ocupação eles conseguem efetivamente planear aquilo que é a sua inserção na vida ativa para serem mais aceites pela sociedade”, acrescenta.

O responsável explica que precisam de continuar a trabalhar bastante para “encontrar as metodologias adequadas à população-alvo prioritária”, neste caso uma população adulta mas abarcando de “forma transversal as crianças e os jovens”.

As II Jornadas d´O Companheiro “Percursos em Liberdade: Novos Desafios” realizaram-se no Auditório Carlos Paredes, no dia 24 de outubro, com o objetivo de “fortalecer o diálogo e o conhecimento sobre a reabilitação e reinserção de reclusos”, refere o diretor da instituição.

Segundo José Brites, o atual contexto de crise económica é encarado como um momento para serem “ousados” porque “abre uma janela de oportunidades” e em termos institucionais procurando novas respostas sociais que também criam “um maior sentimento de comunidade e pertença”.

Se há uns anos os cursos na área da agricultura não tiveram aceitação, hoje têm uma horta comunitária que é aproveitada por ex-reclusos e suas famílias e “foi a própria crise que determinou o seu desenvolvimento”, adianta.

“Temos feito uma aposta de não haver situação de crise mas encontrar respostas noutros parceiros/empresas que são fundamentais ao nível da responsabilidade social. É importante criar sinergias com a sociedade civil, com a comunidade e criarmos mais-valias institucionais e individuais”, acrescenta o diretor geral da associação ‘O Companheiro’, José Brites.

CB/PR

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