Paulo VI e a reforma da cúria romana I

Em outubro deste ano, o Papa Francisco reúne-se com um grupo de cardeais para analisar a reforma da cúria romana. Na véspera da segunda sessão conciliar, a 21 de setembro de 1963, Paulo VI fez um discurso aos membros da cúria onde lhes pede que reflictam sobre o “grande acontecimento que é o II Concílio do Vaticano”. É que embrenhada no trabalho do dia a dia, a cúria poderia esquecer-se de descobrir “as tremendas perspectivas do trabalho que tem entre mãos e que por vezes pode ser bastante doloroso”.

Em outubro deste ano, o Papa Francisco reúne-se com um grupo de cardeais para analisar a reforma da cúria romana. Na véspera da segunda sessão conciliar, a 21 de setembro de 1963, Paulo VI fez um discurso aos membros da cúria onde lhes pede que reflictam sobre o “grande acontecimento que é o II Concílio do Vaticano”. É que embrenhada no trabalho do dia a dia, a cúria poderia esquecer-se de descobrir “as tremendas perspectivas do trabalho que tem entre mãos e que por vezes pode ser bastante doloroso” (In: Boletim de Informação Pastoral; Setembro-Outubro 1963; Nº 26).

Paulo VI pensa que é necessária uma grande unidade de pensamento e de acção entre o Papa e a cúria. Para o Papa Montini, a cúria romana “não é um corpo anónimo, insensível aos grandes problemas espirituais, promulgando leis de maneira automática… É pelo contrário uma verdadeira comunidade de fé e de caridade”.

O sucessor de João XXIII quer assim criar uma comunidade cristã à sua volta. Depois de ouvir algumas críticas, “que são um convite à reforma, um fermento de perfeição. Devemos acolher as críticas que nos rodeiam com humildade, reflexão e até com reconhecimento”. Roma “não tem necessidade de se defender, fazendo-se surda às sugestões que lhe vêm de vozes honestas e muito menos de vozes amigas e fraternas”, disse Paulo VI aos membros da cúria.

Entre as limitações reconhecidas expressamente pelo Papa há as seguintes: “Passaram-se muitos anos e é compreensível que esta organização se ressinta da sua idade venerável, da disparidade entre os seus órgãos e a sua prática perante as necessidades e os usos dos tempos novos. Que sinta ao mesmo tempo a necessidade de se simplificar e descentralizar e a de se estender, assumindo novas funções”.

“A cúria romana não será ciosa de prerrogativas temporais de outras épocas, nem de formas exteriores que já não são aptas para exprimir e para imprimir um sentido religioso autêntico e elevado”, (In: Boletim de Informação Pastoral; Setembro-Outubro 1963; Nº 26).

Há um caso que, embora não seja apontado expressamente como critica, mereceu particular atenção de Paulo VI. Trata-se da convocação do II Concílio do Vaticano. “A cúria percebeu melhor do que qualquer outro meio da Igreja, a dimensão extraordinária e complexa (da convocação do concílio) até ao ponto de deixar transparecer surpresa e algumas apreensões diante da convocação inesperada e imprevista, e diante da gravidade dos problemas que essa convocação ia levantar”.

O Papa quer criar uma comunidade cristã à sua volta. Tal é a expectativa também da igreja. “o dever de ser autenticamente cristão é aqui imperativo… Em Roma tudo faz escola: a letra e o espírito”. Além das reformas de estrutura para a tornar mais simples e descentralizada e do espírito de comunidade cristã que era preciso radicar, o Papa Montini aconselhou todos os eclesiásticos e leigos da cúria “a realizarem algumas obras de ministério e de apostolado pessoal”.

LFS 

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