Férias: Património religioso é oportunidade

Lisboa, 16 ago 2013 (Ecclesia) – Usufruir do vasto património cultural português é uma proposta para o tempo de férias num país marcado pela herança do catolicismo, de norte a sul.

No Porto, a Torre dos Clérigos é um dos símbolos da cidade e quando se celebram 250 anos da sua construção, o historiador Germano Silva apresenta à ECCLESIA um monumento ímpar dos mais fotografados e visitados.

“Durante muitos anos foi o ponto mais elevado da cidade e até da Europa”, revela, estatuto que se perdeu com a evolução e crescimento do urbanismo.

Com a Torre foi construído um hospital e uma igreja e o autor, Nicolau Nasoni, um italiano da Toscânia, desenhou uma planta octogonal explicada pela constituição do terreno: “Era uma nesga comprida e o autor fez a igreja, o corpo do hospital e depois a torre com um aproveitamento fantástico do terreno”.

O projeto inicial previa duas torres mas Nicolau Nasoni, o “arquiteto por excelência do Porto e do norte”, construiu apenas uma, com 240 degraus apoiados por patamares onde é possível ver “partes da cidade” e “um panorama espantoso”, assinala Germano Silva.

Dentro da igreja de estilo barroco, na rica estatuária destaca-se Santo Emídio, imagem oferecida depois do terramoto de Lisboa, para proteger a cidade.

Na região do Alto Alentejo, no Distrito de Portalegre, a enraizada devoção mariana pode descobrir-se no concelho fronteiriço de Marvão, com a devoção a Nossa Senhora da Estrela.

“É talvez o centro da principal devoção do norte alentejano”, revela o investigador Rui Ventura.

A devoção popular é visível, na festa de 8 de setembro, pela participação das pessoas na eucaristia e na procissão em Marvão.

A devoção surge nos rochedos da Serra do Marvão, onde a lenda conta que um pastor “terá visto uma estrela a brilhar” e quando subiu a serra encontrou a imagem, que lhe pede o culto da forma original: “Entre o século XVI e XVIII (1726), a veneração foi nas rochas onde apareceu e não numa capela”.

“Seria uma imagem moçárabe que ficou aqui depois das invasões almorávidas, da época muçulmana”, assinala Rui Ventura.

O Concelho de Castelo de Vide, ainda no Alto Alentejo, é “um importante ponto religioso não só para os naturais”, explica o investigador.

Na vila havia uma antiga encruzilhada que unia dois caminhos para Santiago de Compostela, “de Espanha e o caminho meridional do Alentejo”.

Com 31 igrejas e capelas, a importância religiosa conta-se antes da nacionalidade com uma “comunidade moçárabe”, uma comunidade judaica, com maior relevo “no final do século XV”, e cristãos.

Na “oficialmente igreja de Nossa Senhora da Conceição”, que nasce de uma doação, em 1585, aos franciscanos descobriram-se recentemente pinturas antigas e no museu de arte sacra Cónego Albano Vaz Pinto pode observar-se “um dos conjuntos mais vastos de santos franciscanos do país”.

Sobre o pórtico da igreja, “uma curiosidade”, a imagem de Nossa Senhora da Conceição, datada do séc. XVIII “que era a imagem original da quinta” dos franciscanos recoletores.

Estas e outras informações vão estar em destaque este domingo às 06h00, no programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública.

LFS/CB

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