D. Jean-Claude Hollerich preside este ano à Peregrinação Internacional de agosto, dedicada a quem deixou o seu país natal
Fátima, Santarém, 09 ago 2013 (Ecclesia) – O arcebispo de Luxemburgo quer fazer da Peregrinação Internacional do Migrante a Fátima um grito de alerta para as dificuldades das pessoas que tiveram de sair do próprio país em busca de uma vida melhor.
Em entrevista concedida à Sala de Imprensa do Santuário, D. Jean-Claude Hollerich, que vai presidir às cerimónias deste ano nos dias 12 e 13 deste mês, alerta que “o maior risco” que a questão da migração enfrenta hoje em dia é o da “globalização da indiferença”.
Neste âmbito, o prelado recorda a visita do Papa Francisco à ilha de Lampedusa, no início de julho, e as palavras que ele deixou a propósito da situação dos imigrantes africanos que empreendem uma viagem perigosa – e muitas vezes mortal – àquela região italiana, para fugirem à fome e à guerra nos seus países de origem.
“A pergunta que o Papa fez, ‘Que fizeste do teu irmão?’, é muito forte e tem de ser levada a sério”, salienta o arcebispo luxemburguês.
A peregrinação internacional, que marca o início da 41.ª Semana Nacional de Migrações, vai ser dedicada de forma especial aos portugueses espalhados pelo mundo, aos quais a Igreja Católica quer garantir “uma verdadeira comunhão de fé e de esperança”.
D. Jean-Claude Hollerich revela que “foi com alegria que aceitou o convite” endereçado pela Igreja Católica portuguesa, e que o encarou como “sinal de uma verdadeira fraternidade entre Igrejas locais”.
“Mais ainda pelo lugar que Portugal ocupa no Luxemburgo, com tantos dos seus cidadãos aí residentes”, realça.
O Estado do Luxemburgo tem sido, há várias décadas, um dos destinos de emigração mais procurados pelos portugueses em momentos de crise económica e social.
Dos cerca de 500 mil habitantes existentes no Grão-Ducado, cerca de “83 mil pessoas” pertencem à comunidade lusa, sublinha D. Jean-Claude Hollerich, que traça também um retrato da situação que os estrangeiros enfrentam no seu país.
Apesar da “perda de referências” e de uma conjuntura financeira “mais difícil”, reconhece o responsável católico, a nível geral “não se constata que haja uma rejeição das comunidades estrangeiras por parte dos nacionais, isto devido à natureza muito aberta da sociedade e da atividade económica luxemburguesa”.
“No entanto”, acrescenta, os agentes pastorais da Igreja têm de estar “sempre atentos” pois, como também disse o Papa Francisco, é preciso “evitar que o outro não seja já um irmão a amar, mas simplesmente aquele que perturba a minha vida e o meu bem-estar”.
Na sua segunda visita ao Santuário de Fátima – a primeira foi “com um grupo de jovens, quando tinha a responsabilidade da pastoral das vocações no Luxemburgo, entre 1990 e 1994” – o arcebispo do Luxemburgo traz ainda um convite ao povo português, aos seus conterrâneos e a todos os emigrantes para que “peçam a Nossa Senhora de Fátima para serem verdadeiramente discípulos de Cristo” e transmissores do Evangelho, especialmente neste “Ano da Fé”.
SISF/JCP