Brasil: Papa aponta renovação e diálogo como prioridades da Igreja na América Latina

Francisco alerta para riscos de transformar mensagem cristã numa «ideologia»

Rio de Janeiro, Brasil, 28 jul 2013 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje no Rio de Janeiro com a comissão de coordenação do Conselho Episcopal da América Latina e Caraíbas (Celam), para destacar a necessidade de “renovação interna” da Igreja e “diálogo com o mundo atual”.

“A resposta às questões existenciais do homem de hoje, especialmente das novas gerações, atendendo à sua linguagem, envolve uma mudança fecunda que devemos realizar com a ajuda do Evangelho, do Magistério e da Doutrina Social da Igreja”, disse, num dos últimos atos oficiais da viagem ao Brasil, que se conclui ao final da tarde.

Perante representantes das 22 Conferências Episcopais da América Latina e Caraíbas, o Papa aludiu ao legado a V Conferência Geral do Celam, que decorreu em 2007 na cidade brasileira de Aparecida, elogiando a dinâmica de reforma das estruturas eclesiais.

“A ‘mudança de estruturas’ (de caducas a novas) não é fruto de um estudo de organização do organograma funcional eclesiástico, de que resultaria uma reorganização estática, mas é consequência da dinâmica da missão”, precisou.

Segundo o Papa, nesta “mudança de época” o trabalho do clero deve ser “mais pastoral que administrativo” e tem de abrir espaço à “participação laical na consulta, organização e planeamento pastoral” para enfrentar desafios como as “tribos urbanas”.

Francisco elencou, depois, um conjunto de atitudes que, do seu ponto de vista, “configuram uma Igreja ‘tentada’”, como a “ideologização da mensagem evangélica”.

Numa referência indireta à chamada ‘Teologia da Libertação’, o Papa criticou o “reducionismo socializante” como “uma pretensão interpretativa” do catolicismo com base numa hermenêutica “de acordo com as ciências sociais” que engloba “os campos mais variados, desde o liberalismo de mercado até à categorização marxista”.

Francisco alertou ainda para uma “hermenêutica elitista que, em última análise, reduz o ‘encontro com Jesus Cristo’ e seu sucessivo desenvolvimento a uma dinâmica de autoconhecimento”, que ligou à “proposta gnóstica”.

O Papa retomou algumas das advertências que tem deixado nas suas homilias matinais no Vaticano sobre os perigos do “funcionalismo” ou do “clericalismo” e a importância do encontro com as “periferias” para “curar as feridas” de pessoas que saíram da Igreja.

“Há pastorais posicionadas com tal dose de distância que são incapazes de conseguir o encontro: encontro com Jesus Cristo, encontro com os irmãos”, observou, apelando à valorização da “revolução da ternura”.

Em conclusão, Francisco deixou conselhos sobre a qualidade das homilias e desejou que os bispos sejam “pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos, com grande mansidão, pacientes e misericordiosos”.

OC

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Agência ECCLESIA

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