Portugal: Cáritas promove «plataforma online» de procura de trabalho para desempregados com mais de 45 anos

Portugal está hoje a «desperdiçar os saberes e competências de meio milhão de pessoas», alerta Maria do Rosário Carneiro

Lisboa, 24 jul 2013 (Ecclesia) – Um projeto mediado pela Cáritas Portuguesa vai permitir a pessoas desempregadas com mais de 45 anos procurarem trabalho e contactarem com empresas, através de uma “plataforma online” que deverá estar disponível a partir de novembro.

Em declarações concedidas à Agência ECCLESIA, o presidente do organismo católico sublinha que na base desta iniciativa está a necessidade de apoiar pessoas que encontram-se hoje num beco sem saída: por um lado “são consideradas para o mercado de trabalho muito envelhecidas” e por outro “são novas para poderem ser aposentadas”.

Ao acederem a esta ferramenta, elas vão ter oportunidade de demonstrar a sua “vontade em colocarem competências” e experiências “adquiridas ao longo de tantos anos” ao serviço de potenciais empregadores, tanto no plano nacional como internacional.

“É um instrumento que pode atravessar fronteiras, e eventualmente se as pessoas aqui não puderem ter trabalho garantido, quem sabe se o poderão ter em outras paragens”, realça Eugénio da Fonseca.

A “Rede de Competências” – nome atribuído ao projeto – surgiu no seguimento do trabalho desenvolvido pela Cáritas Portuguesa durante o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações, que a União Europeia promoveu em 2012.

Para a organização católica, era essencial que os frutos do evento não ficassem limitados a um espaço de 12 meses mas que tivessem repercussões práticas e claras para o futuro, especialmente numa altura em que o desemprego em Portugal, concretamente o desemprego de longa duração, atinge uma parte considerável da população.

De acordo com as estatísticas de emprego referentes ao último trimestre de 2012, existem neste momento em Portugal pelo menos “500 mil desempregados com mais de 45 anos ou pessoas reformadas ou inativas mas com vontade de trabalhar”, aponta Maria do Rosário Carneiro.

“Nenhuma sociedade pode desperdiçar um capital tão rico que são os saberes e as competências de meio milhão de pessoas e que estão inativos”, sustenta a coordenadora da “Rede de Competências”.

A antiga deputada da Assembleia da República destaca ainda a importância desta plataforma online para a “comunicação entre pessoas que procuram trabalho”, já que “pela permuta de experiências podem entre si encontrar alternativas de realização e concretização de uma atividade”.

Em suma, o projeto promove “de uma forma muito positiva e concreta, um direito fundamental, que é o direito ao trabalho, à realização pessoal”, conclui.

A “rede social para seniores ativos” vai ser desenvolvida com o apoio de um núcleo de investigadores da Universidade do Porto, liderado pelo professor Marco Montalto, e já começou a ser divulgado através do Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial (GRACE), que conta com cerca de 100 empresas associadas.

LFS/JCP

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