Vaticano: Papa assume encíclica com marca de Bento XVI

Francisco fala em «precioso trabalho» do seu predecessor na redação da «Lumen fidei»

Cidade do Vaticano, 05 jul 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco publicou hoje a sua primeira encíclica, ‘Lumen fidei’ (Luz da Fé), assumindo o trabalho iniciado por Bento XVI para a conclusão da trilogia sobre as virtudes teologias (fé, esperança e caridade).

“Estas considerações sobre a fé – em continuidade com tudo o que o magistério da Igreja pronunciou acerca desta virtude teologal – pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança”, sublinha o atual Papa, no documento divulgado pela Santa Sé.

Francisco assinala que o seu predecessor “tinha quase concluído um primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé”.

“Estou-lhe profundamente agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho”, refere.

Segundo o Papa, “fé, esperança e caridade constituem, numa interligação admirável, o dinamismo da vida cristã rumo à plena comunhão com Deus”.

“Unida à fé e à caridade, a esperança projeta-nos para um futuro certo, que se coloca numa perspetiva diferente relativamente às propostas ilusórias dos ídolos do mundo, mas que dá novo impulso e nova força à vida de todos os dias”, assinala.

Num texto com marcas de Bento XVI, Papa emérito, o seu sucessor apresenta uma ideia que tem defendido desde o início do pontificado: “Não deixemos que nos roubem a esperança, nem permitamos que esta seja anulada por soluções e propostas imediatas que nos bloqueiam no caminho, que ‘fragmentam’ o tempo transformando-o em espaço”.

Francisco agradece ao seu predecessor, que em fevereiro renunciou ao pontificado, por ter convocado um Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), que teve início no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II.

“Esta coincidência permite-nos ver que o mesmo foi um Concílio sobre a fé , por nos ter convidado a repor, no centro da nossa vida eclesial e pessoal, o primado de Deus em Cristo”, precisa.

O Vaticano II, acrescenta, “fez brilhar a fé no âmbito da experiência humana, percorrendo assim os caminhos do homem contemporâneo”.

Bento XVI publicou em janeiro de 2006 a ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), um texto no qual procura apresentar uma “fórmula sintética da existência cristã”: Deus é amor e os cristãos acreditam nesse amor, fazendo dele a “opção fundamental” da sua vida.

A segunda parte da trilogia, ‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) foi assinada em 2007 e aborda o tema da esperança cristã, num mundo dominado pela descrença e a desconfiança perante as questões relacionadas com o transcendente.

A palavra “encíclica” vem do grego e significa “circular”, carta que o Papa enviava às Igrejas em comunhão com Roma, com um âmbito universal, onde empenha a sua autoridade primeiro responsável pela Igreja Católica.

Esta forma de magistério nasceu com Bento XIV (1740-1758) e Francisco assinou a 29 de junho a 297ª encíclica na história da Igreja, dada a conhecer esta manhã.

O título de uma encíclica é o começo do texto, na sua versão oficial em latim.

OC

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