Beja: Diocese acredita que Festival Terras Sem Sombra permitiu «rasgar uma janela de esperança» no território

Criado em 2003 para potenciar o património religioso alentejano, o certame de música-sacra assume hoje diversas «causas» sociais

Beja, 02 jul 2013 (Ecclesia) – A Diocese de Beja considera que a aposta no Festival Terras Sem Sombra permitiu “rasgar uma janela de esperança” no território alentejano, sobretudo em termos da inclusão social e cultural das populações.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o diretor artístico do certame, José António Falcão, destaca o “grande impacto” que o Terras Sem Sombra tem tido “na dinamização” de uma das zonas mais “esquecidas e abandonadas” do país, desde que foi criado em 2003.

Destinado no início a potenciar o património religioso da região, especialmente as diversas igrejas da região que se encontravam fechadas ao público, o festival de música-sacra assumiu ao longo dos anos outras “causas”, como a revitalização de “circuitos económicos e sociais”, a preservação da “biodiversidade”, e o acesso das crianças e jovens à música e à arte.

Com caráter “itinerante”, frisa o diretor geral, o projeto “parte diretamente de uma ligação muito forte a cada terra, às suas tradições, aos seus produtos mais característicos e evidentemente ao seu património, à sua identidade”.

Nesta perspetiva, e porque está em causa uma região onde a “exclusão social e cultural” se fizeram sentir “durante tanto tempo”, José António Falcão considera que o trabalho que tem sido realizado, através do setor da cultura, colocou a diocese na “vanguarda” da resolução dos seus problemas.

“No fundo, o festival veio trazer um sopro de ar fresco sobre este mundo, que é um mundo extraordinário, temos aqui uma espécie de Éden que podemos abrir, temos a chave na mão para o fazer e basta agora garantir alguma organização e não perdermos nunca este norte que nos liga muito diretamente às nossas gentes”, sustenta aquele responsável, apontando já para o futuro.

Num outro nível, o diretor geral destaca o “grande entusiasmo” que o festival gerou à volta da “redescoberta do património musicológico” do Alentejo.

“Vários investigadores estão a fazer as suas teses de mestrado ou doutoramento sobre os arquivos do Alentejo, que contêm também fundos musicais importantes. Vamos também receber no mês de novembro o encontro nacional da sociedade portuguesa de investigação em música”, adianta José António Falcão.

Além disso, com o certame  “conseguiram-se estabelecer pontes com a própria tradição popular” alentejana, como por exemplo “com o canto alentejano que é todo um fator de identificação de muitas comunidades”.

Por tudo isto, a organização acredita que o “Terras Sem Sombra” é hoje uma aposta “bem conseguida”, que permitiu inclusivamente “posicionar” o Alentejo “num local bastante significativo do ponto de vista das rotas culturais europeias”.

O festival termina no dia 13 de julho em Silves, com um concerto intitulado “Na Mão de Deus”, a partir das 21h30.

JCP

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