Vaticano: Papa propõe unidade «nas diferenças»

Francisco destacou importância da comunhão aos arcebispos que receberam o pálio, grupo que inclui D. Manuel Clemente

Cidade do Vaticano, 29 jun 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco defendeu hoje no Vaticano uma maior colegialidade na vida da Igreja Católica, que valorize a unidade “nas diferenças”, e sublinhou a importância da “comunhão” entre todos.

“Na Igreja, a variedade, que é uma grande riqueza, funde-se sempre na harmonia da unidade, como um grande mosaico onde todos os ladrilhos concorrem para formar o único grande desenho de Deus”, disse, na homilia da missa que assinalou a solenidade de São Pedro e São Paulo, após a imposição do pálio a 34 arcebispos metropolitas, incluindo D. Manuel Clemente, novo patriarca de Lisboa.

Segundo Francisco, essa insígnia litúrgica de honra e jurisdição é “símbolo de comunhão” com o Papa, sublinhando que a presença de arcebispos de vários continentes “é o sinal de que a comunhão da Igreja não significa uniformidade”.

A intervenção destacou a necessidade de “seguir o caminho da sinodalidade, crescer em harmonia, com o serviço do primado (do Papa)”, dentro da Igreja Católica.

“Isto deve impelir a superar sempre qualquer conflito que possa ferir o corpo da Igreja. Unidos nas diferenças: não há outra estrada para nos unirmos. Este é o espírito católico, o espírito cristão: unir-se nas diferenças. Este é o caminho de Jesus”, destacou Francisco.

O Papa voltou a falar do pálio, que além de ser “sinal da comunhão com o bispo de Roma, com a Igreja universal, com o Sínodo dos bispos”, é também “um compromisso” que deve levar cada um dos que o recebem a ser “instrumento de comunhão”.

A homilia apresentou uma reflexão sobre a missão do Papa, em volta do verbo ‘confirmar’: na fé, no amor e na comunhão.

Neste contexto, Francisco alertou para os riscos de “pensar de forma mundana”: “Quando deixamos prevalecer os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a lógica do poder humano e não nos deixamos instruir e guiar pela fé, por Deus, tornamo-nos pedra de tropeço”.

O Papa convidou os católicos a travaram um combate, não o “das armas humanas, que, infelizmente, ainda ensanguenta o mundo, mas o combate do martírio”, com a mensagem de Cristo e o dom de toda a sua vida “por Cristo e pelos outros”, como fez São Paulo.

“O bispo de Roma é chamado a viver e confirmar neste amor por Cristo e por todos, sem distinção, limite ou barreira”, acrescentou.

No dia dos padroeiros de Roma, 34 arcebispos nomeados nos últimos 12 meses proferiram um juramento no qual cada um se comprometeu a ser “sempre fiel e obediente” ao “beato Pedro apóstolo”, à “santa, apostólica Igreja de Roma”, ao Papa e seus “legítimos sucessores”.

“Confessar o Senhor deixando-se instruir por Deus, consumar-se por amor de Cristo e do seu Evangelho, ser servidores da unidade: estas são as incumbências que os apóstolos São Pedro e São Paulo confiam a cada um de nós, amados irmãos no episcopado, para serem vividas por cada cristão”, disse o Papa, no final da sua homilia.

Francisco deixara uma saudação à delegação do Patriarcado de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), e ao ‘Thomanerchor’, o coro luterano da Thomaskirche de Leipzig – a igreja de Bach – que animou a Liturgia.

No fim da missa, o Papa e o líder da delegação ortodoxa, o metropolita João, estiveram a rezar junto do túmulo do apósto Pedro, em silêncio.

OC

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