Repto de D. António Vitalino surge num dia marcado pela greve nacional de docentes em todo o país
Beja, 17 jun 2013 (Ecclesia) – O bispo de Beja, D. António Vitalino, alertou hoje para a necessidade de mudanças no sistema público de educação, numa altura em que aumenta a contestação dos professores confrontados com a crise financeira e o desemprego.
Na sua nota semanal, enviada à Agência ECCLESIA, o prelado realça que o ensino estatal e seus agentes teriam muito a ganhar, em termos de “estabilidade” e de “poupança de recursos económicos”, com a aplicação efetiva do “princípio da subsidiariedade” nas escolas.
Em causa está sobretudo a necessidade de criar um ensino mais aberto à “participação dos corpos intermédios e da sociedade civil”, que potencie as capacidades e competências dos docentes, funcionários e das famílias.
“Apesar do centralismo burocrático e monolítico resultante da interferência do Estado, o ensino privado, mesmo assim funciona melhor, para agrado de todos os intervenientes, e sem aumentar a máquina burocrática do funcionalismo público”, sublinha o bispo de Beja, para quem é um erro menosprezar o exemplo do setor particular de educação.
“No anterior governo quase se proclamou ilegal ou indigno do nome de serviço público, a escola privada”, lamenta D. António Vitalino, recordando os “rios de dinheiro” gastos em “mega agrupamentos”, em “parcerias público-privadas” e em outras “estruturas físicas” que Portugal irá “pagar durante muitos anos”.
Para aquele responsável católico, “pensou-se pouco nas famílias, nos alunos, nos professores, nos funcionários, na liberdade de escolha, na preparação de quadros dirigentes”, e o resultado está à vista, sendo que a greve dos professores que hoje decorre em todo o país é apenas uma das consequências.
“A instabilidade na escola e a mobilidade prolongada dos professores, muitas vezes condição para perspetivar a ambicionada efetivação, fez deles funcionários públicos especiais, mas desempregados, que, neste tempo de crise económica e de assistência financeira de credores externos, está a provocar uma maior conflituosidade social”, salienta.
O bispo de Beja espera que os erros do passado possam ser corrigidos, para bem da “dignidade de todos os intervenientes, famílias, alunos e professores” e em consonância com o “respeito pela liberdade de todos os cidadãos”.
“A democracia e a liberdade das pessoas necessita de diálogo permanente, de modo a conjugar-se o melhor possível direitos e deveres, indivíduo, pessoa e sociedade, o bem pessoal e o bem comum”, conclui.
JCP