O Arcebispo de Toledo e Primaz da Espanha, D. Antonio Cañizares, criticou a decisão do Governo de suspender a aplicação da Lei Orgânica de Qualidade da Educação, (LOCE), sem consultar a Igreja Católica, afirmando que a medida implica um retrocesso no terreno educativo e no desenvolvimento dos direitos e liberdades na Espanha. Em entrevista ao jornal “La Razón”, o prelado explicou que “não houve nenhuma comunicação, que eu saiba, nem existiu nenhum diálogo. É uma decisão que o Executivo adopta por si mesmo sem que a Conferência Episcopal pudesse expressar o seu parecer”. Algumas das disposições deste decreto afectam matérias reguladas pelos acordos entre a Santa Sé e o Estado Espanhol. D. Cañizares ressaltou que “suspender a aplicação da LOCE nesta matéria supõe um retrocesso no terreno educativo e no desenvolvimento dos direitos e liberdades na Espanha. Estimo que o que foi legislado na LOCE se ajusta completamente ao mandato constitucional e cumpre com o acordo cultural de 1979 entre o Estado e a Santa Sé”. A Conferência Episcopal Espanhola esteve de acordo com a forma como foi regulamentada a presença da Religião no currículo escolar, com o LOCE. A suspensão do mesmo implica agora que “voltemos aos decretos de 1994, sem avaliação para o ensino religioso, vazia de conteúdo e sem valor académico algum”. “A Religião é uma matéria de ensino, como o resto das matérias, com a mesma dignidade; que tem, ao menos tanta importância como o resto das matérias fundamentais para o desenvolvimento pleno da personalidade”, atira D. Cañizares. O primaz da Espanha lamenta que a disciplina de Religião deixe de ser avaliável, bem como a sua alternativa curricular, assegurando que “a desvalorização da Religião é um facto”.
