Nós os bispos das comissões de comunicação das conferências episcopais de Espanha e Portugal reunimo-nos este ano em en La Seu d’Urgell (Espanha), nos dias 3, 4 e 5 de junho para refletir sobre a nossa missão no âmbito da pastoral da comunicação. O nosso trabalho desenvolveu-se sob o título “Redes sociais, novos desafios para a nova evangelização” e permitiu-nos aprofundar o papel que as redes sociais podem desempenhar na vida e na missão da Igreja.
Na sua mensagem para a 47ª Jornada Mundial das Comunicações Sociais deste ano, Bento XVI convida a considerar “o desenvolvimento das redes sociais digitais, que estão a contribuir para que surja uma nova ‘ágora’, uma praça pública e aberta na qual as pessoas partilhem ideias, informações, opiniões e onde além disso nascem novas relações e formas de comunidade”. Também o Papa Francisco no seu encontro com os profissionais da comunicação poucos dias depois da sua eleição sublinhou que “o papel dos meios de comunicação cresceu muito nos últimos tempos, até ao ponto de se tornarem imprescindíveis para relatar ao mundo os acontecimentos da história contemporânea”.
Estas duas ideias estiveram como pano de fundo da nossa reflexão. Dos contributos dos peritos convidados e da nossa própria experiência e diálogo surgem as seguintes conclusões que queremos oferecer com o desejo de enriquecer o debate sobre a presença da Igreja no “ambiente digital”:
1.- As redes sociais oferecem uma nova oportunidade para a comunicação do Evangelho. A Igreja deve esforçar-se por transmitir a mensagem de Jesus Cristo com a linguagem da nova cultura da comunicação que estas ferramentas criaram.
2.- A necessária presença da Igreja n o ambiente digital é uma oportunidade que permite às comunidades cristãs refletirem sobre a sua própria identidade e sobre o serviço que prestam à sociedade. A partir desta reflexão pode construir-se uma comunidade virtual, com todos os seus traços característicos, que vai ao encontro daqueles que habitam este continente digital. Contudo, consideramos que esta virtualização da comunidade será valiosa na medida em que contribua para o desenvolvimento e dinamismo da comunidade concreta.
3.- Nesse sentido, se o ambiente digital é um lugar adequado para o encontro, para o diálogo e para o anúncio da salvação de Jesus Cristo, o lugar de referência mais propício para celebrar essa salvação é a comunidade concreta, que se reúne para rezar, celebrar os sacramentos e viver a caridade.
4.- É necessário que as normas de convivência das relações sociais tenham também a sua aplicação na internet. O mundo digital é o mundo real no qual, como recorda Bento XVI, as pessoas habitam realmente. O anonimato, a calúnia, a difamação não podem ter lugar de cidadania neste ambiente, protegidos por uma liberdade de expressão mal entendida. Os critérios que a infoética assinala para qualquer comunicação, também no ambiente digital, são a verdade, a autenticidade, o bem comum e o amor ao próximo.
5.- Diante da grande variedade de projetos existentes para tornar presente a experiência cristã no mundo digital e ao constatar a importância da qualidade e do profissionalismo, desejamos convidar as pessoas e as instituições da Igreja para um trabalho em conjunto. É oportuno estabelecer estratégias de colaboração que permitam trabalhar eficazmente neste contexto para tornar mais atrativa a presença de Cristo e do Evangelho nas redes sociais e aproveitar mutuamente os recursos com sentido de comunhão.
Por último, ao contemplar o mundo da Comunicação, não podemos esquecer o trabalho de tantos profissionais comprometidos seriamente com a verdade e afetados por uma crise económica que abalou seriamente esta profissão. Do mesmo modo, é justo agradecer o esforço daqueles que dedicam a sua vida à busca e ao anúncio da verdade, colocando mesmo em risco as suas vidas. O Senhor, que é a Verdade, nos ilumine a todos para recuperar o vigor dos meios de Comunicação essenciais para o Seu conhecimento, compreensão e difusão. Assim se cumprirá o desejo do decreto conciliar Inter Mirifica, do qual celebramos próximamente os seus 50 anos, que pedia aos meios de Comunicação o seu contributo eficaz para “propagar e fortalecer o Reino de Deus”.
La Seu d’Urgell, 5 de junio de 2013
Comisión Episcopal de Medios de Comunicación Social de España
Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais