Vaticano: Papa e presidente de El Salvador conversaram sobre «a importância do testemunho» de D. Oscar Romero

Arcebispo foi morto há 30 anos por denunciar ataques aos direitos humanos no país

Cidade do Vaticano, 24 mai 2013 (Ecclesia) – O Papa recebeu esta quinta-feira, no Vaticano, um fragmento das vestes que D. Oscar Romero, antigo arcebispo de El Salvador, usava quando foi morto a tiro em 1980, às mãos da junta militar que dominava o país.

De acordo com o serviço informativo da Santa Sé, a “relíquia” foi entregue a Francisco pelo presidente salvadorenho Carlos Maurício Funes, durante uma audiência realizada no Palácio Apostólico.

O diálogo entre o Papa argentino e o chefe de Estado de El Salvador teve sobretudo como tema “a importância do testemunho” de D. Oscar Romero para o povo daquela nação da América Central.

Nos três anos em que serviu as comunidades católicas da capital de El Salvador (San Salvador), o arcebispo foi uma voz ativa na denúncia da repressão do regime militar e da violência praticada pelos esquadrões da morte.

Empenhou-se também na defesa dos direitos humanos, sobretudo dos “mais fracos” e dos seus “defensores”, que muitas vezes também estavam sujeitos a represálias. 

D. Oscar Arnulfo Romero y Galdámez acabou por ser assassinado a 24 de março de 1980, por um atirador do exército salvadorenho, enquanto celebrava missa, provocando uma onda de protestos em todo o mundo que abriu espaço à implementação de reformas políticas e sociais em El Salvador.

O apreço das comunidades centro-americanas, que aclamam o arcebispo como “mártir”, está expresso na relíquia que o presidente Carlos Maurício Funes ofereceu ao Papa, “em forma de cruz” – “os braços foram realizados com a união de muitas imagens de pessoas, que simbolizam a união do arcebispo com o povo salvadorenho”, salienta o site news.va.

Em 2010, o soldado responsável pela morte de D. Oscar Romero, capitão Álvaro Saravia, admitiu que o arcebispo foi assassinado “por ódio à fé”, o que contribuiu para dar seguimento ao processo de beatificação do prelado.

Na sequência de um convite feito pelos Missionários da Consolata, D. Gregorio Rosa, amigo e colaborador de Oscar Romero, está em Portugal até ao próximo domingo para uma série de conferências sobre o pensamento e espiritualidade arcebispo salvadorenho.

Em entrevista ao programa ECCLESIA desta quinta-feira, o bispo auxiliar de San Salvador destacou a influência que aquele “servo de Deus” tem hoje junto dos jovens, que veem nele “um homem coerente com as suas convicções, um homem que é fiel ao ser humano e defende os Direitos Humanos, que é fiel a Jesus Cristo, que é fiel à Igreja e dá a vida por esses ideais”.

JCP

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