Obra do cónego e historiador Senra Coelho recorda contributo do arcebispo emérito para a pacificação de um povo marcado pelo 25 de abril
Évora, 15 mai 2013 (Ecclesia) – Um livro assinado pelo cónego Francisco Senra Coelho, historiador do Instituto Superior de Teologia de Évora, está a dar a conhecer o trabalho que D. Maurílio de Gouveia realizou junto das comunidades católicas da arquidiocese, entre 1981 e 2008.
Num depoimento enviado à Agência ECCLESIA pelo departamento arquidiocesano de comunicação, o arcebispo emérito falou sobre o contacto próximo que manteve com as paróquias, ao longo das mais de 350 visitas pastorais que efetuou na região.
Segundo o prelado, tratou-se de “uma experiência muito rica” que ajudou à criação de “laços de amizade” com as pessoas e à transmissão da mensagem do Evangelho.
D. Maurílio de Gouveia percorreu o território de Évora várias vezes, sempre com a companhia da imagem peregrina de Nossa Senhora da Conceição, a padroeira da arquidiocese.
“Nós temos um tesouro que é o tesouro da fé, numa visão do mundo, da vida, do além, uma visão admirável, que nos dá paz, e não podemos conservar isto para nós, não podemos ser egoístas. E a Igreja o que tem de fazer é isso, levar aos outros um testemunho, viver aquilo que acredita”, salienta.
Com o título “Visitas Pastorais e Nova Evangelização”, a obra foi desenvolvida com o apoio do cónego Mário Tavares, do padre Ricardo Lameira e de Luís Simões.
As narrativas e descrições contidas na publicação são complementadas com fotografias ilustrativas de vários momentos que compuseram as visitas de um arcebispo que sempre se mostrou comprometido com a Nova Evangelização.
“Tudo isto fez despertar nas pessoas a sua fé, qualquer coisa que estava lá dentro escondida, foram momentos inesquecíveis”, destaca D. Maurílio de Gouveia.
Depois de ter sido apresentado a 10 de maio em Vila Viçosa, pela jornalista Aura Miguel, e a 13 de maio em Évora, pelo bispo do Porto, D. Manuel Clemente, o livro vai passar esta sexta-feira também por Alcácer do Sal.
“Uma das grandes tarefas da Igreja tem sido renovar e incentivar a visita pastoral e o Concílio Vaticano II lembrou novamente essa importância. Ao D. Maurílio coube-lhe viver na Arquidiocese de Évora a implementação do Concílio, entrando a 8 de dezembro de 1981”, recorda o cónego Senra Coelho.
O lançamento da obra, com a chancela da editora Principia, surge numa altura em que passam 30 anos da primeira visita pastoral do arcebispo emérito, na Vigararia de Alcácer do Sal.
Uma viagem que, de acordo com o sacerdote e historiador, deu início “a um manancial enorme de encontro pessoal com doentes, com trabalhadores rurais, com corticeiros, com as pessoas que trabalham na vinha, com artesãos”.
“Impressionou-me muito a adesão que o povo alentejano teve, os primeiros nove anos de visita pastoral foram um fenómeno impressionante, agitaram o Alentejo, houve multidões enormes que esperaram o arcebispo”, adianta o autor.
Em Évora, D. Manuel Clemente também destacou o impacto que as visitas pastorais provocaram junto das populações alentejanas, sobretudo numa altura marcada por várias “convulsões” sociais e políticas, nos anos posteriores à revolução de 25 de abril de 1974.
“Ele (D. Maurílio de Gouveia) independentemente das pessoas que iria encontrar, se estivessem de um lado ou de outro da política, aproximou-se não com um discurso ideológico mas como pastor, como sinal de Jesus Cristo, e isso desbloqueou muita coisa”, salienta.
JCP