Papa lembra cristãos perseguidos

Primeiras canonizações do pontificado com apelos à superação do «individualismo»

Cidade do Vaticano, 12 mai 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco lembrou hoje no Vaticano os cristãos perseguidos por causa da sua fé e pediu “coragem” para evitar o “aburguesamento do coração”.

“Peçamos a Deus que sustente os muitos cristãos que, precisamente neste tempo e em tantas partes do mundo, ainda sofrem violência e lhes dê a coragem para serem fiéis e responder ao mal com o bem”, disse, na homilia da primeira celebração de canonizações do atual pontificado, na Praça de São Pedro.

Perante dezenas de milhares de pessoas, o Papa evocou o testemunho do italiano Antonio Primaldo, canonizado juntamente com cerca de 800 companheiros leigos, todos decapitados porque “não quiseram renegar a sua própria fé” a 13 de agosto de 1480, na cidade de Otranto, durante uma invasão levada a cabo por tropas turcas.

“A fé faz-nos ver para além dos limites do nosso olhar humano, para além da vida terrena”, frisou.

Francisco falou também das duas novas santas, a colombiana Laura de Santa Catarina de Sena (1874-1949), a primeira católica do país a ser canonizada, e a mexicana Maria Guadalupe (1878-1963), que participou na criação da Congregação das Servas de Santa Margarida Maria e dos Pobres.

Segundo o Papa, o exemplo destas religiosas ensina a “vencer a indiferença e o individualismo” que corroem “as comunidades cristãs” e o coração de cada pessoa, para acolher todos “sem preconceitos nem reticências, com autêntico amor”.

“O mais valioso que temos é Cristo e o seu Evangelho”, observou, numa intervenção em italiano e espanhol.

O rito de canonização aconteceu no início da celebração, com a intervenção do cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, a inscrição dos beatos “no álbum dos Santos”, por parte do Papa, e a colocação de relíquias junto do altar.

Na homilia, Francisco convidou os participantes a conservar a fé que receberam, “inclusivamente no meio dos obstáculos e incompreensões”, e defendeu que sem o “testemunho da caridade” mesmo o “martírio e a missão perdem o seu sabor cristão”.

O Papa falou de Santa Laura Montoya como “mãe espiritual dos indígenas” na Colômbia, com “uma eficaz pedagogia que respeitava a sua cultura e não se contrapunha à mesma”.

“Esta primeira santa nascida na bonita terra colombiana ensina-nos a ser generosos com Deus, a não viver a fé solitariamente – como se fosse possível viver a fé isoladamente -, mas a comunicá-la”, acrescentou.

Em relação a Santa Guadalupe García Zavala, a ‘Madre Lupita’, Francisco elogiou a sua renúncia a uma “vida cómoda” e a sua ação em favor dos “pobres, os doentes, os marginalizados, os abandonados” que “são a carne de Cristo”.

“Esta nova santa mexicana convida-nos a amar como Jesus nos amou e isto implica não fechar-se em si mesmo, nos próprios problemas, nas próprias ideias, nos próprios interesses, mas sair e ir ao encontro de quem tem necessidade de atenção, compreensão e ajuda”, realçou.

O Papa concluiu com apelos à “fidelidade a Jesus Cristo e ao seu Evangelho, para anunciá-lo com a palavra e coma vida, dando testemunho do amor de Deus”.

OC

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