Portugal: Religiosos católicos desafiados a promover «pluralização» do discurso eclesial

Assembleia geral em Fátima com a presença de responsáveis máximos dos institutos masculinos e femininos

Fátima, Santarém, 30 abr 2013 (Ecclesia) – A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) conclui hoje em Fátima um encontro dedicado ao diálogo com as “linguagens contemporâneas” no qual os seus membros foram desafiados a promover uma “pluralização do discurso” eclesial.

“A Igreja não pode estar fora do mundo, de modo que temos de conhecer o que nos rodeia e as novas formas de chegarmos lá”, refere à Agência ECCLESIA a irmã Lucília Gaspar, presidente da CIRP.

Segundo esta responsável, há um “mundo desconhecido” com o qual os religiosos e religiosas de Portugal têm de aprender a dialogar, desafio que se estende às “novas gerações” que chegam aos vários institutos.

O encontro, dedicado ao tema ‘Peregrinos na fé, testemunhas e apóstolos, hoje’, iniciou-se na segunda-feira e reúne os responsáveis máximos dos Institutos Religiosos masculinos e femininos.

A iniciativa incluiu uma conferência sobre o tema escolhido, na qual o padre Rui Alberto, salesiano, destacou a importância de “promover a pluralização de discurso” dentro da Igreja.

O especialista abordou as linguagens do “pátio virtual” e disse que “hoje o que move as pessoas é o desejo de estarem juntos e de se exprimirem” num “comunalismo expressivo”.

O religioso salesiano falou num “mundo novo”, com a possibilidade de se “produzir informação” para “qualquer lado”, com impacto na vida religiosa.

“Há um ciclo entre cultura e comunicação: esta mudança no modo de comunicar muda estruturalmente a nossa cultura, dentro de cada instituto, de cada comunidade”, precisou.

Outro dos conferencistas, Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário e responsável pela secção de Arte e Património, falou das “linguagens da contemporaneidade” e frisou a “tensão” entre as “maneiras de entender o mundo” na cultura religiosa e a profana.

“Também hoje é importante percebermos qual é a identidade da nossa cultura, para que ela possa dialoga de forma legítima com a cultura que nós dizemos normalmente profana”, declarou à Agência ECCLESIA.

Segundo o estudioso, os que estão “fora” normalmente valorizam o que existe na cultura religiosa, questionando os presentes sobre as formas como esta cultura se “relaciona com os outros” e o que é que tem de tão importante para que estes “a vão buscar”.

“A arte e a cultura normalmente têm uma facilidade em dizer sobre Jesus Cristo, basta entendermos como é que podemos aproveitar essas ferramentas”, observou.

Octávio Carmo, jornalista da ECCLESIA, falou sobre as tecnologias da informação e comunicação social, sublinhando a importância de compreender este universo como “um novo contexto existencial” para milhões de pessoas.

O conferencista desafiou os religiosos a “superar o discurso fatalista, de queixume e preconceito”, alterando-o para “uma linguagem que seja compreensível por todos”.

OC

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