Uma nova etapa para o património da Igreja em Portugal

Sandra Costa Saldanha

Na data em que se celebra o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, retomamos o tema do inventário, assunto eminente, que constitui entre nós um dos aspetos mais relevantes na abordagem aos Bens Culturais da Igreja. Ferramenta insubstituível para a sua proteção, valorização e tão almejada fruição, pese embora a consciência de tudo isso, prevalecem os procedimentos avulsos. Apenas uma pequena percentagem, na ordem dos 15% dos locais de culto afetos à Igreja Católica em Portugal, possui os seus inventários elaborados com qualidade.

Identificados alguns problemas técnicos concretos, uma das grandes dificuldades reside na manifesta desigualdade de procedimentos, traduzida na ausência de uma atuação concertada. E é assim que, no quadro das suas competências, o SNBCI tem procurado encontrar caminhos que potenciem e operacionalizem os esforços de cada diocese. Empenhado na implementação de um projeto nesta área, que proporcione uma atuação continuada e fomente a cooperação institucional, um primeiro passo foi dado, com a criação de um Grupo de Trabalho. Com a missão de definir estratégias e dinamizar iniciativas, prevê o apetrechamento dos serviços mais carenciados com meios técnicos adequados, numa acão que conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Objetivos estruturados em várias fases, em ordem a agilizar os trabalhos, promover a sua divulgação, uniformizar procedimentos e otimizar a relação entre dioceses, prevê também várias iniciativas nos domínios da normalização, disponibilização e formação, adequadas à realidade específica do património eclesial.

Processo longo, que obrigará a um empenhamento responsável e consequente de todos os intervenientes, não se trata apenas de conhecer e registar este legado, mas de o devolver, com dignidade e apreço, à sua primordial função pastoral, estimando-o, valorizando e dotando das condições necessárias ao cumprimento dessa missão.

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