Sociedade: Eduardo Cintra Torres diz que o pontificado de Francisco «reúne condições únicas para avançar»

Especialista em comunicação destaca o consenso que o Papa conseguiu gerar junto dos media e da opinião pública

Lisboa, 11 abr 2013 (Ecclesia) – O professor Eduardo Cintra Torres sustenta que os primeiros 30 dias do pontificado de Francisco mostraram que o novo Papa “reúne condições únicas para avançar” com a sua missão, pela “empatia” que conseguiu estabelecer com os meios mediáticos.

Na edição desta quinta-feira do Semanário ECCLESIA, o docente da Universidade Católica Portuguesa, especialista em matérias como televisão e ética da comunicação, destaca que o sucessor de Bento XVI “correspondeu, em palavras e gestos, à própria maneira de ser dos media de massas”.

De acordo com o investigador, os órgãos de comunicação social “tendem a preferir o que favorece as suas próprias características: empatia, sorrisos, palavras simples, bom humor, ligação direta com a audiência”.

 E “todos os importantíssimos sinais verbais e não-verbais dados pelo papa nos primeiros dias — dias em frente das câmaras, em frente do mundo — corresponderam a essa atitude”, realça.

Eduardo Cintra Torres aplica “retrospetivamente” esta análise aos pontificados de João Paulo II e de Bento XVI, sublinhando que a “popularidade mediática do Papa polaco varreu facilmente” as resistências que foram surgindo devido à sua faceta mais conservadora.

Por outro lado, “a indiferença de Bento XVI aos fenómenos de popularidade mediática valeram-lhe uma oposição sistemática dos media de massas, muito embora as suas posições ideológicas fossem de maior abertura do que as do seu antecessor”, aponta o professor da UCP.

O crítico de televisão enumera ainda outros três pontos favoráveis ao Papa Francisco: um “passado” humano e social que até agora não revelou nada de “polémico”, a sua vontade em construir uma Igreja aberta e ligada “aos pobres e desprotegidos” e o facto de ser proveniente de um país que está fora da órbita europeia.

Para Eduardo Cintra Torres, estes fatores originaram uma “anestesia” na imprensa “fundada mais em questões institucionais”, de origem anglo-americana, e na comunicação social de índole “mais doutrinária”, nascida dos ideais da Revolução Francesa, no final do século XVIII, e que chegou a Portugal através do “republicanismo vencedor no início do século XX”.

Olhando mais de perto para a reação dos media portugueses à eleição do Papa Francisco, o investigador dá conta de uma conjuntura bastante positiva, derivada de uma cultura nacional marcadamente católica.

“Se a esmagadora maioria da população se reclama católica, canais em concorrência fazem TV para uma audiência católica, se o povo quer missa, dá-se-lhe missa” refere o especialista em comunicação.

Eduardo Cintra Torres defende que a forma positiva como Francisco está a ser acolhido pelos media e pela sociedade em geral abrem boas perspetivas para o crescimento da Igreja.

No entanto, o Papa “terá de agir rapidamente se quiser aproveitar esta unanimidade”, conclui.

JCP

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Agência ECCLESIA

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