Boas notícias

O mundo (ainda) segue com atenção as palavras e os gestos do Papa Francisco no início do seu pontificado e essa atitude representa, para a Igreja Católica, uma boa notícia: enquanto o tratamento mediático dos acontecimentos se centrar no que o sucessor de Bento XVI diz e faz, em vez de construções mais ou menos romanceadas sobre a realidade do Vaticano, será possível transmitir uma mensagem mais genuína e próxima das pessoas.

O cardeal que veio do fim do mundo e foi eleito como bispo de Roma quer uma Igreja atenta às periferias e tem insistido na ideia de «sair»: da rotina, do cansaço da fé, das paredes que encurralam o dinamismo da mensagem católica, dos medos perante o mundo. O exemplo tem partido dele próprio, pronto para ser fiel ao que acredita e romper com os protocolos, dando o testemunho mais adequado num mundo em que a comunicação é cada vez mais feita de imagem e de interação do que de palavras.

A aproximação a quem sofre (e são cada vez mais), a quem se sente abandonado pelos “poderes” do mundo ou esquecido pelos outros é uma missão de sempre da Igreja Católica que qualquer Papa fará bem em recordar. O desafio que se coloca no atual pontificado é de tornar relevante esta linha de orientação, traduzindo a mensagem de fé em sinais visíveis, concretos, que deem sentido a um mundo que procura rumos e se sente ameaçado por cada vez mais perigos.

Francisco assume, neste contexto, um papel de particular importância: tem de “construir” pontes, como o próprio assumiu, mas também derrubar muros, abrir caminhos, criar convergências com todos os que lutam pelos mesmos objetivos sem perder a identidade. A missão da Igreja, que vai muito para lá da vida no Vaticano, é “sair”, como tem insistido o Papa, e percorrer os caminhos contemporâneos da existência humana, apresentando uma resposta aos anseios mais profundos de cada pessoa.

Numa nota final, deixo um lamento relativo à incapacidade que alguns manifestam em ver o mundo nas suas várias tonalidades, promovendo um discurso preto/branco: elogiar Francisco não é necessariamente criticar Bento XVI, não há um ‘Papa bom’ e um ‘Papa mau’, há pessoas diferentes que coincidiram no mesmo momento histórico deixando a sua marca própria, com um estilo pessoal. Porque, como dizia um amigo jornalista, no final de tudo não serão os sapatos do Papa a ficar na História.

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Agência ECCLESIA

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