Vaticano: Cardeal-patriarca de Lisboa diz que Conclave foi descontraído e espiritualmente intenso

D. José Policarpo questiona «muralha de segredos e de juramentos» e afirma que houve «influência mínima da pressão mediática»

Paulo Rocha, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Roma, 14 mar 2013 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa, um dos participantes no Conclave que escolheu o Papa Francisco, afirmou hoje que a eleição decorreu num ambiente “de descontração” e, simultaneamente, “muito denso de oração e de acolhimento das sugestões do Espírito Santo”.

“Foi um Conclave bem-disposto, e nesse aspeto, foi melhor do que o anterior [2005]”, disse D. José Policarpo na conferência de imprensa realizada esta manhã em Roma, onde também se debruçou sobre as promessas de segredo inerentes aos escrutínios e acerca da relação da Igreja com os media.

“Hoje abri a imprensa italiana, e num dos jornais que costumo ler em primeiro lugar, o ‘La Repubblica’, vejo em grandes parangonas uma conferência de imprensa do arcebispo de Nova Iorque, o cardeal Dolan. Como é que é? Que figura é que fazemos ao cumprir o juramento que prestámos?”, questionou.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa referiu-se à “muralha de segredos e juramentos”, cada vez em maior número, que contribuem para “um certo mal-estar”: “É evidente que eu, quando juro, cumpro. Ainda sou dessa velha guarda. Mas pelos vistos já há quem não cumpra. A própria Igreja já não está a aguentar esta barra”.

“Tem de haver sempre segredos. A confidencialidade faz parte da vida. Mas será preciso tanto?”, interrogou o prelado que diz ter gostado de constatar que entre os cardeais eleitores houve “uma influência mínima da pressão mediática” exercida antes do Conclave.

Depois de lembrar que foi criado cardeal no mesmo consistório que também admitiu o novo Papa no Colégio Cardinalício, D. José Policarpo reiterou que a renúncia de Bento XVI “apanhou toda a gente de surpresa”.

“Só o futuro e a História dirão o que significou este ato de humildade mas ao mesmo tempo de grande lucidez”, referiu.

PR/RJM

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Agência ECCLESIA

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