Conclave: Especialista em história da Igreja explica pontos-chave do processo de eleição do novo Papa

Reflexão, sigilo e oração vão marcar dia-a-dia dos cardeais responsáveis pela escolha do sucessor de Bento XVI

Lisboa, 11 mar 2013 (Ecclesia) – O Conclave para a eleição do novo Papa, que começa esta terça-feira no Vaticano, é um processo essencial para a revitalização e atualização da Igreja Católica, segundo o cónego e historiador Francisco Senra Coelho.

Em entrevista concedida ao Programa ECCLESIA na Antena 1, o professor de História da Igreja no Instituto de Estudos Teológicos de Évora realça que esse trabalho arrancou ainda antes da abertura do escrutínio, com as chamadas congregações preparatórias.

Nesses encontros, mais de 150 cardeais tiveram a oportunidade de “refletir sobre o momento da Igreja” e de conhecer um pouco melhor a “personalidade” de cada um dos possíveis sucessores de Bento XVI, para assegurar uma escolha bem fundamentada, sublinha o sacerdote.

Só podem participar na votação cardeais que, à data do início da Sé vacante, tenham menos de 80 anos – neste Conclave serão 115, vindos de 48 países.

Na manhã de terça-feira, às 10h00 (menos uma hora em Lisboa), os cardeais vão celebrar “uma missa pela eleição do Papa” e às 16h30, os eleitores “reunir-se-ão em procissão” junto à Capela Paulina do Palácio Apostólico, de onde seguirão até à Capela Sistina.

Será já sob o teto daquele espaço, famoso pelo trabalho do pintor italiano Miguel Ângelo, que os cardeais irão prestar “juramento de sigilo” sobre tudo o que envolva o processo eleitoral.

[[a,d,3831,Emissão 10-03-2013]]Esse compromisso, acrescenta o membro do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, abrange não só o espaço da Capela Sistina, onde decorrerão as votações, como também o “percurso” entre aquele local de culto e “a Casa de Santa Marta, onde os cardeais tomarão as refeições e irão pernoitar”.

O ambiente de reserva, durante os dias do Conclave, deve ser absoluto, por isso “o juramento prevê que não pode ser utilizada nenhuma forma de gravação, nem de voz nem de imagem, sob pena de excomunhão, a comunicação está apenas reservada à Santa Sé”, aponta o docente da UCP.

Neste primeiro dia, a estrutura do processo de escolha do novo Papa terá apenas um escrutínio mas nos dias seguintes os cardeais eleitores procederão a “dois escrutínios de manhã e dois de tarde”.

Uma vez feita a recolha, a contagem e a verificação dos votos, normalmente entre as 10h30 e o meio-dia ou entre as 17h30 e as 19h00, os votos escrutinados “são encadeados num fio e colocados num crematório onde depois com a ajuda de um produto sai fumo branco ou fumo negro”, explica o cónego Senra Coelho.

Para o especialista em História da Igreja, este último ritual, “multisecular”, acaba por ser uma “tradição muito simpática”, já que permite envolver mais as comunidades católicas que, no exterior do Palácio Apostólico, “aplaudem quando veem o fumo branco e continuam a rezar quando veem o fumo negro”.

A eleição de um novo Papa requer uma “maioria de dois terços”, pelo que nem sempre é possível garantir uma eleição rápida, como foi no caso de Bento XVI, que foi escolhido no segundo dia de Conclave.

PRE/JCP

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