A Santa Sé acredita que apenas a ONU será capaz de garantir a paz no Iraque e uma transição de poder segura para um governo legítimo e democrático. O líder da diplomacia do Vaticano, arcebispo Giovanni Lajolo, disse à Rádio Vaticano que “a Santa Sé quer ver quanto antes uma resolução das Nações Unidas sobre a transferência de poderes no Iraque”. Esta posição foi transmitida ao Governo britânico, numa visita deste responsável católico que teve lugar na semana passada. “Na qualidade de secretário para as Relações com os Estados, para mim foi importantíssimo escutar directamente do Governo britânico sua versão sobre a situação no Iraque”, acrescenta. Em relação ao futuro imediato no Iraque, sabe-se que os responsáveis da Santa Sé esperam que a ONU receba um mandato específico para desempenhar um papel vital na pacificação do país e na criação de instituições democráticas nessa nação. Por outro lado, o Cardeal norte-americano, James Francis Stafford acusou a administração Bush de “falência moral” pela guerra no Iraque, e afirmou que essa guerra comprometeu as relações com o mundo árabe. Numa entrevista à revista “Inside the Vatican”, o Cardeal Stafford, arcebispo emérito de Denver e Penitencieiro-mor da Penitenciaria Apostólica, sublinha ainda que as torturas contra os prisioneiros iraquianos foram uma “barbárie”. O Cardeal teme, além disso, que o episódio das torturas tenha consequências a longo prazo, nas relações com os árabes e os muçulmanos. “Os muçulmanos sentem-se ultrajados e realmente abalados, porque os submetemos às mesmas coisas das quais se dizia querer libertar o país”, conclui.
