Bento XVI: Editor do Papa alemão em Portugal está seguro de que Joseph Ratzinger «vai voltar a escrever»

Henrique Mota destaca a trilogia sobre Jesus de Nazaré, que foi colocada à disposição dos teólogos, para debate e discussão

Lisboa, 22 fev 2013 (Ecclesia) – O responsável pela edição de grande parte da obra literária de Bento XVI em Portugal acredita que Joseph Ratzinger traçou uma “marca indelével” no pensamento teológico contemporâneo, que continuará a reforçar mesmo depois do final do seu pontificado.

“Seguramente que o Papa vai voltar a escrever, até por aquilo que são os seus momentos de tranquilidade, tocar piano, estudar e escrever sobre teologia. Ao mesmo tempo que vai rezar mais, vai ter mais coisas para escrever”, sustenta Henrique Mota, em entrevista concedida à ECCLESIA.

A seguir à oficialização da renúncia, marcada para dia 28 de fevereiro, Bento XVI vai estar uns dias na residência papal de Castel Gandolfo, situada cerca de 30 quilómetros a sul de Roma.

Joseph Ratzinger irá depois passar a viver no mosteiro Mater Ecclesiae, uma estrutura próxima da Basílica de São Pedro, e que foi fundada em 1994 pelo beato João Paulo II como lugar exclusivamente dedicado à oração pelo ministério do Papa e dos seus mais diretos colaboradores.

O diretor da Princípia Editora não tem dúvidas que o recolhimento de Joseph Ratzinger favorecerá a sua disponibilidade para a reflexão e escrita, no entanto, “não tem a certeza que esses textos venham a ser publicados nem na sua vida nem do seu sucessor”.

Henrique Mota pensa que as potenciais obras vão ficar “guardadas, lacradas, para publicação num outro momento, quando não houver qualquer risco de interferência no pontificado” do próximo Papa.

Profundo conhecedor do trabalho literário de Bento XVI, o editor acompanhou a tradução e publicação de 23 livros de Joseph Ratzinger em Portugal, destacando a trilogia dedicada a Jesus de Nazaré como “uma nova proposta de leitura, de estudo, de análise e oração” à volta da “pessoa de Jesus Cristo”.

“Foi o primeiro Papa que escreveu um livro para colocar à discussão dos teólogos, ele que vinha rotulado como alguém intransigente, como uma pessoa que não dava margem de liberdade à reflexão teológica, pelo contrário, escreveu um livro em três volumes e pediu que fosse debatido e discutido entre os teólogos”, realça.

A “humidade enorme” de Bento XVI, que durante oito anos “quebrou muitas das praxes, tradições e precauções que eram próprias” da sua posição da Igreja, fica para Henrique Mota como uma característica inesquecível do seu pontificado.

Uma atitude de vida que saiu reforçada, segundo o diretor da Princípia Editora, no momento em que o Papa alemão anuncou ao Colégio Cardinalício a sua renúncia ao “ministério petrino”, a 11 de fevereiro.

“Não é uma resignação, não é um Papa resignado que toma esta decisão, é um Papa em grande luta e com grande vontade de continuar a servir a Igreja até ao seu último instante”, salienta Henrique Mota.

PTE/JCP

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