Elogiar, com muito gosto

Sandra Costa Saldanha

Apologias, louvores e panegíricos, já não se usam. Opúsculos de outros tempos, triviais até finais do Antigo Regime, a eloquência desses registos depressa se converteu em censura, sarcasmo e até caricatura.

Num tempo que já não é o das Luzes, o lugar de destaque na abordagem ao outro mais depressa redunda na crítica displicente. Nos dias que correm, parece francamente mais fácil assinalar imperfeições, que verbalizar um elogio. Adiam-se afetos, sorrisos, agradecimentos, palavras amigas.

Tema que urge entre pares, amigos e até familiares, não é uma novidade a importância de expressar o reconhecimento nas sociedades atuais. No meio profissional, sobretudo, são vários os estudos que o revelam. O elogio, genuíno e merecido, não apenas fortalece a autoconfiança, como aumenta a motivação, convertendo os visados em pessoas mais resistentes, comprometidas e empenhadas.

Mas o “poder” do elogio é bastante mais abrangente, para lá dos estratagemas de incentivo pessoal ou de autoestima. O gosto de fazer um elogio, salientar ações positivas, em detrimento da indiferença, é também um passo crucial para quem o pratica, uma atitude de desprendimento e de confiança, muito gratificante.

Neste jogo complexo, que é o das relações humanas, faz pois tanta falta semear alegrias e colher sorrisos, enfim, tirar partido das pequenas coisas da vida.

 

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