Quaresma: Bispo do Porto pede aos católicos para serem «incentivo nacional de esperança»

«Onde está um discípulo de Cristo não há desistência prévia, não há pessimismo paralisante, não há cansaço insuperável»

Porto, 14 fev 2013 (Ecclesia) – O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, pediu esta quarta-feira aos católicos que se tornem “incentivo nacional de esperança”, apelo feito na sé portuense, durante a missa que marcou o início da Quaresma.

“Que aqueles que connosco não desistem de resolver todas as crises, das famílias ao Estado, da economia à sociedade, da escola à cultura, possam confirmar que, ali mesmo onde está um discípulo de Cristo, não há desistência prévia, não há pessimismo paralisante, não há cansaço insuperável”, afirmou na homilia, enviada à Agência ECCLESIA.

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa considera que “ainda há muito a resolver” para que “os inegáveis esforços de quem pode e deve”, aliados à “notável persistência de quem não se resigna”, obtenham o “resultado pretendido”, que deve ser alcançado “com justiça e solidariedade reforçadas”.

D. Manuel Clemente referiu-se ao “sentimento que aflora em comentários recorrentes, na praça e nos media, qual negativismo de raiz, que desmotiva à partida”.

“Quando falamos de realidades assim, indicamos uma crise mais profunda do que meramente económica ou política que fosse. Estamos a falar de humanidade, estamos a falar de nós”, assinalou.

O pessimismo, “que tanto desmotiva socialmente, pode igualmente expandir-se na vida eclesial”, alertou, frisando que “tal não deve acontecer de modo algum, porque os discípulos de Cristo hão de ser, especialmente agora, sinais vivos de esperança certa, nos mais diversos ambientes e setores”.

A intervenção, que é também a mensagem quaresmal do bispo do Porto, relacionou as práticas penitenciais deste tempo litúrgico com o apoio devido às pessoas mais carenciadas.

A oração, esmola e jejum “podem traduzir-se por exercício espiritual de filiação autêntica, aproximação concreta das necessidades alheias e domínio de apetites vários” que “distraem do essencial”.

Estes preceitos conjugam-se “muito bem, porque quem procura antes de mais o reino de Deus e a sua justiça, compreende melhor o que deve aos outros e consequentemente partilha do que tem e do que poupa”, afirmou.

O prelado revelou que Fundo Social Diocesano vai continuar a ser o destino da renúncia quaresmal, prática em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para finalidades especificadas pelo bispo.

As ofertas serão aplicadas em várias necessidades, “sobretudo no campo da salvaguarda e promoção da vida em todas as suas fases, da conceção à velhice”.

Desde a Quaresma de 2012 o Fundo Social Diocesano distribuiu 239 605 euros através da Sociedade de São Vicente de Paulo, Cáritas Diocesana, Obra Diocesana de Promoção Social, Associação Católica Internacional ao Serviço da Juventude Feminina e, ainda, Vida Norte, anunciou.

“Acolhamos esta Quaresma como oportunidade concreta de libertação de raiz. Por nós, não somos melhores do que outros, mas queremos substituir qualquer autoconvencimento pela conversão sem reservas à misericórdia divina”, salientou D. Manuel Clemente.

A Quaresma é um período de 40 dias em que os católicos são chamados a práticas de jejum, oração e esmola para preparar a Páscoa, a festa mais importante do calendário cristão que assinala a ressurreição de Jesus.

RJM

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