Portugal: Bispo emérito de Aveiro insurge-se contra «profecias da desgraça»

«Vêm-se cometendo erros com consequências graves e tomando decisões que a todos parecem menos certas», aponta D. António Marcelino

Lisboa, 11 jan 2013 (Ecclesia) – O bispo emérito de Aveiro insurge-se contra quem faz constantemente prognósticos negativos sobre Portugal e é incapaz de vislumbrar motivos de otimismo.

“Os profetas que querem determinar o futuro do país e que não desligam do passado, falam sempre e só de desgraças. Agora, até de desgraças agravadas”, escreve D. António Marcelino na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.

O prelado vinca que “a ninguém se pedem palavras de uma euforia barata nos momentos difíceis” mas “não se pode aceitar que haja quem apague as luzes da esperança, canonize dificuldades e dê largas às trevas”.

“O realismo e a esperança podem casar-se em qualquer tempo, para que um futuro humano se possa projetar, tendo em conta a memória, por vezes dolorosa, do passado vivido e a consciência esclarecida do presente”, assinala.

D. António Marcelino faz um apelo ao consenso entre os partidos, mesmo sabendo que “nunca é fácil governar quando as forças de oposição, pensam, acima de tudo, em conquistar o poder, e a gente que governa vê nos opositores apenas inimigos”.

“Vêm-se cometendo erros com consequências graves e tomando decisões que a todos parecem menos certas. Talvez porque quem governa se esquece que isolar-se empobrece sempre mais”, aponta.

No entender do prelado “os que pensam direito e se empenham em soluções válidas, têm o dever de congregar esforços e de inserir, no projeto nacional, um clima de esperança, que não fecha olhos à realidade, mas também a não deixa abafar por profecias de desgraça”.

Para o bispo emérito a confiança em dias melhores é indissociável da referência a Deus, dado que “não se pode pensar em paz, em bem estar, em desenvolvimento social” se quem está comprometido com estes propósitos “estiver de asas cortadas e olhos vedados ao transcendente, de onde vem a luz e a força da esperança que não ilude”.

O texto critica as personalidades que “falam do povo e fazem dele número para as reivindicações sociais”. 

“Muitos dos que têm garantido trabalho e salário interessa-lhes o povo para conquistar mais, em favor de interesses pessoais e de grupo, sem prestar atenção à vida dura, que foi sempre a vida do povo que merece tal nome”, salienta.

RJM

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