Síria: Papa condena «massacres contínuos»

Bento XVI renova apelos à paz no Médio Oriente e Norte de África, em encontro com embaixadores de todo o mundo

Cidade do Vaticano, 07 jan 2013 (Ecclesia) – Bento XVI condenou hoje no Vaticano os “massacres contínuos” na Síria, onde dezenas milhares de pessoas morreram desde março de 2011, após a repressão dos protestos populares contra o regime do presidente Bashar al-Assad.

“Penso, antes de mais nada, na Síria, dilacerada por contínuos massacres e palco de imensos sofrimentos para a população civil”, disse o Papa, no seu encontro de ano novo com os representantes diplomáticos acreditados junto da Santa Sé.

Passando em revista os “numerosos conflitos que continuam a ensanguentar a humanidade”, a começar pelo Médio Oriente, Bento XVI pediu que as fações em combate na Síria “deponham as armas” e que “possa, o mais rápido possível, prevalecer um diálogo construtivo para acabar com um conflito que, se perdurar, não conhecerá vencedores mas apenas derrotados, deixando em campo atrás de si apenas ruínas”.

O Papa deixou votos de que sejam fornecidas, “urgentemente”, as ajudas indispensáveis para fazer face a esta “grave situação humana”.

Na sequência do reconhecimento da Palestina como Estado Observador não-membro das Nações Unidas, Bento XVI disse esperar que as duas partes, com o apoio da comunidade internacional, “se empenhem por chegar a uma convivência pacífica no contexto de dois Estados soberanos, onde o respeito pela justiça e as legítimas aspirações de ambos os povos seja tutelado e garantido”.

A intervenção, em francês, referiu-se ainda à situação no Iraque, para desejar que a sua população “percorra o caminho da reconciliação a fim de chegar à ansiada estabilidade”.

O Papa disse, por outro lado, que é necessário promover a “cooperação” entre todos os membros das sociedades no Norte de África, “devendo ser garantida a cada um deles a plena cidadania, a liberdade de professar publicamente a sua religião e a possibilidade de contribuir para o bem comum”.

“Desejo assegurar a todos os egípcios a minha proximidade e a minha oração neste período em que se formam novas instituições”, acrescentou.

Bento XVI alertou também para as “graves consequências humanas” dos conflitos na região do Corno de África, o Mali ou a República Centro-Africana, bem como no leste da República Democrática do Congo, “onde recrudesceram as violências, forçando muitas pessoas a abandonar as suas casas, as próprias famílias e ambientes de vida”.

Após ter condenado o fundamentalismo religioso, o Papa lembrou as vítimas de atentados terroristas na Nigéria, “sobretudo entre os fiéis cristãos reunidos em oração”.

“Senti uma grande tristeza quando soube que, no próprio dia em que celebramos o Natal, foram barbaramente assassinadas dezenas de cristãos”, confessou.

A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 179 Estados e está presente em várias organizações internacionais, tendo o estatuto de Estado observador na ONU.

Portugal esteve representado no encontro pelo encarregado de negócios da Embaixada junto do Vaticano, Luís de Albuquerque Veloso, e o conselheiro eclesiástico, monsenhor Fernando de Matos, num momento em que se aguarda a confirmação da escolha de António Almeida Ribeiro como novo embaixador.

Bento XVI entrou na Sala Régia do Palácio Apostólico do Vaticano acompanhado pelo padre luso-canadiano José Avelino Bettencourt, chefe de protocolo da Secretaria de Estado.

OC

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