Portugal: Bispo de Setúbal propõe partilha de bens, equidade fiscal e trabalho voluntário pelos desempregados

«Certeza» da vida eterna não pode afastar o cristão «da partilha das alegrias, das dores e das esperanças dos seus irmãos com ou sem fé»

Setúbal, 11 dez 2012 (Ecclesia) – Partilha de bens, renúncia ao consumismo, equidade nas medidas fiscais e trabalho em favor da sociedade por parte dos desempregados são algumas das atitudes que segundo o bispo de Setúbal podem suscitar a “esperança” em “tempo de crise”.

“A esperança crescerá “ se houver “partilha fraterna dos bens”, renúncia a “práticas consumistas” e apoio a quem “sofre o desemprego, a solidão, a doença, a falta da fé, a carência alimentar ou alguma exclusão”, escreve D. Gilberto Reis em Nota Pastoral publicada no site da Diocese de Setúbal.

No texto intitulado “Semear a esperança em tempo de crise”, o prelado, um dos vogais da Comissão Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, pede aos católicos que ajudem o Governo “a ter em conta a equidade nos sacrifícios pedidos, a atenção a cada pessoa sobretudo aos mais pobres e uma profunda preocupação pelo bem comum”.

O bispo setubalense sugere aos desempregados que ofereçam “algum tempo livre e competências como voluntários”, encontrando “novas formas de organização do seu estilo de vida”.

O responsável está convicto de que a esperança será mais forte se o Executivo, partidos, sindicatos e confederações, “cada um com a sua visão da situação, dialogarem de verdade na busca duma sociedade justa, fraterna, verdadeira e solidária”.

Depois de apelar aos católicos para ajudarem as instituições de solidariedade, D. Gilberto Reis pede a estes organismos para se articularem na procura de “respostas para a crise”, envolvendo nesta tarefa os serviços públicos, “de modo que os pobres deixem a valeta da estrada da vida para serem atores e centro da comunidade”.

O prelado frisa que “a certeza e o desejo” da vida eterna “não podem afastar o cristão da partilha das alegrias, das dores e das esperanças dos seus irmãos com ou sem fé”, tornando-se antes motivos para dar respostas a quem “sofre e espera”.

“A esperança crescerá se cada um de nós descobrir, nas trevas da crise, pequenas luzes de esperança, vindas do Crucificado-Ressuscitado, a indicar que, com Jesus, venceremos o mal e a própria morte”, sublinha.

D. Gilberto Reis lembra que “a grande e definitiva esperança dos cristãos é o encontro face a face, com o Senhor”, pelo que “a vida dos batizados é caminho para Deus” esperança maior que “todas as alegrias” e “tristezas do mundo”.

RJM

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