Projeto que passa pela venda de roupa usada à indústria de reciclagem vai financiar Fundo Solidário Diocesano
Lisboa, 04 dez 2012 (Ecclesia) – A Cáritas da Diocese de Lisboa prepara-se para criar a partir de janeiro uma “empresa social”, que além de dar trabalho a 10 desempregados vai financiar o Fundo Solidário do patriarcado com a venda de roupa usada.
O presidente da instituição, José Frias Gomes, revelou à Agência ECCLESIA que a nova entidade vai dedicar-se “à recolha de roupas que os doadores já não valorizam” e adiantou que o vestuário “em melhores condições vai ser redistribuído a quem dele precisa”, enquanto que a outra parte “será valorizada” através de reciclagem.
“Para lá da importantíssima componente social que é dar trabalho a pessoas que, em alguns casos, já perderam o direito a qualquer subsídio do Estado e têm a família a cargo, a iniciativa pretende obter meios financeiros, que não serão muitos, para reforçar o Fundo de Emergência Social do Patriarcado de Lisboa”, acrescentou.
O responsável explicou que a distribuição de roupa e de géneros fornecidos pelo Banco Alimentar Contra a Fome não cobre as necessidades: “As pessoas precisam de dinheiro para repor o abastecimento de água e eletricidade que foram cortados ou para despesas de saúde”.
O projeto implica a aquisição de contentores e viaturas, a contratação de pessoal e a obtenção de um espaço para recolha, armazenamento, triagem e preparação da roupa, referiu o assistente religioso da Cáritas de Lisboa, padre Paulo Franco.
“Estamos a falar num investimento que poderá rondar meio milhão de euros, a ser concretizado ao longo do tempo e em função do retorno financeiro. Em relação aos contentores, por exemplo, não vamos arrancar desde o início com a implantação de todos os que gostaríamos de ver no terreno”, apontou.
A decisão de avançar com a ideia foi tomada depois de uma recolha de roupa realizada entre 17 e 25 de novembro em cerca de 40 paróquias do patriarcado, aproximadamente 20% do total.
“Tratou-se de um teste para percebermos a quantidade e qualidade da roupa, o que nos permitiu igualmente avaliar a sua repartição para doações e reciclagem. E também acompanhámos o processo de recolha. Precisávamos destes indicadores porque quando o projeto entrar em velocidade de cruzeiro vai implicar um investimento avultado”, afirmou o sacerdote.
A instituição católica de solidariedade e ação humanitária espera que em meados de 2013 estejam “centenas de contentores”, identificados com logótipos da Cáritas, espalhados por paróquias, colégios e espaços públicos.
“A recolha, que atingiu as 40 toneladas de roupa, foi excecional e superou as nossas expectativas, o que demonstra a generosidade e o compromisso da nossa sociedade para procurar mudar o rumo da situação atual”, destacou.
A iniciativa alia a vertente assistencialista à criação de emprego ao “fazer a caridade para as pessoas que mais precisam”, através da distribuição de vestuário e da aplicação das receitas da sua reutilização no Fundo Social Solidário, ao mesmo tempo que dá trabalho a desempregados, realçou José Frias Gomes.
“O que pedimos às paróquias e às pessoas de boa vontade é que respondam com generosidade a este desafio porque a sua adesão é o segredo do sucesso; e o sucesso é o apoio aos mais carenciados, que é sempre o nosso objetivo. Cremos que este projeto vai ajudar muita gente, e é isso que nos alegra e anima”, salientou o padre Paulo Franco.
RJM