Jonas, arquétipo do jovem atual

P. António Jorge dos Santos Almeida, Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações, Juventude e Ensino Superior

“Mergulha nesta aventura” tem sido, na Diocese de Viseu, o mote da Pastoral da Juventude que deu azo à escolha do nome do sítio www.mergulha.org e tem servido de convite a todos os jovens com quem os agentes, neste setor, se têm cruzado. Que o digam os jovens desta diocese que participaram na Jornada Mundial da Juventude de Madrid 2011, ao levarem como mascote ou “bandeira” de reconhecimento um boneco a quem se deu o nome de Jonas. Porquê?

A fonte de inspiração da Pastoral da Juventude tem sido, nesta diocese e de há quatro anos a esta parte, a história do profeta Jonas, por se considerar este personagem bíblico um arquétipo do jovem atual. Embora não sendo, segundo os críticos, uma narração histórica, mas de pretensões didáticas, o seu autor acaba por nos influenciar com as imagens e símbolos que utiliza na descrição desse personagem. Neste pequeno livro, de somente quatro capítulos, está criado um ambiente simpático (apelamos, aqui, à conotação anatómica do termo) que porá à prova os reflexos do jovem Jonas, na linha de tempo que vai desde um convite especial que lhe é feito por Deus, passando pela tempestade, o mergulho no abismo do mar, o “estágio” de solidão no ventre do grande peixe, a consciencialização da missão e a prova diante das coisas verdadeiramente importantes da vida. Para quê?

Sem deixarmos de estar abertos a outros paradigmas de pastoral com os jovens, mas querendo partir de uma matriz que inspire, com verdade, um acolhimento e um acompanhamento que incentive à construção de uma vida com sentido, pareceu-nos esta história ser provocadora de um realismo fundamental, não simplesmente na observação da vida própria de cada jovem em particular e dos diferentes grupos os jovens num contexto social e eclesial, mas também em relação ao que, pela fé, deduzimos estar aquém e para além dessa vida, como motor e horizonte: a iniciativa de Deus que, no desígnio do seu amor primeiro, tem um convite para cada um; e a missão com a qual se desenvolve uma resposta a esse desígnio. De facto, as etapas da saga de Jonas parecem observar-se nas histórias dos jovens de hoje, diante dos desafios de hoje, enquanto destinatários dos apelos de sempre. Assim, também, quem coopera na história de uma pastoral diocesana da juventude não pode ficar satisfeito, simplesmente, com a concretização de ações sucessivas através das quais se apazigua a alma do zelo apostólico, mas que, ao mesmo tempo, pode redundar na fuga a ler a vontade de Deus a respeito dos jovens. Poderá, pois, ser necessária uma pastoral que tenha por base a comunhão de pessoas concretas – onde estejam insubstituivelmente incluídos os próprios jovens – e se veja com clareza a relação transversal entre os fundamentais setores da pastoral ¬– catequese, família, vocações, etc. – que podem convergir numa ação mais consciente e operativa em favor dos jovens. Como?

O “mergulho” no abismo que atrás procurou descrever-se com a ajuda da “gramática” da profecia e da realidade da vida dos jovens tem somente a pretensão de envolver todos os agentes num conjunto de desafios da pastoral em favor dos jovens que se passa a elencar, do mais difícil para o mais fácil:

1. A observação das alegrias e as esperanças, das tristezas e as angústias dos jovens de hoje, para a qual se criou a “Brigada Especial Jota”, um observatório da realidade que procura reunir, num concreto espaço pastoral (um arciprestado), todos os agentes responsáveis pela juventude.

2. A tentativa de uma coordenação a partir da lógica da representatividade: um coordenador em cada uma das cinco zonas pastorais diocesanas indicado pelo respetivo vigário da pastoral; o conselho diocesano que convoca três vezes por ano todos os agentes e animadores de todos os grupos de jovens.

3. A transversalidade, sempre difícil de aproveitar, entre as várias dimensões que compõe, por setores, este Secretariado Diocesano das Vocações, Juventude e Ensino Superior. A este nível, pouco se tem feito, a não ser pequenos-grandes passos do acompanhamento personalizado e de pequenos grupos, viabilizados com a presença nas capelanias.

4. Um conjunto de ações em favor dos jovens, fruto da comunhão que se vai acolhendo e experimentando como essencial, aos níveis paroquial, de zonas pastorais, diocesano e nacional. Não cabendo aqui, o caro leitor pode observá-las no website abaixo referenciado.

5. O mais fácil foi criar um espaço físico a que chamamos Centro Cultural, Juvenil e Vocacional que é lugar de acolhimento de todos, entre a direção espiritual, o trabalho e o convívio; e o espaço virtual referenciado entre os jovens como “mergulha” que, para além de ser informativo, procura, em jeito de parábola, sugerir a força arquetípica da “genética” pastoral contida nos contos da Sagrada Escritura, inspirados certamente para nos ajudar a cooperar no projeto de salvação da humanidade e, em concreto, dos jovens, realizada, na Nova Aliança, por Jesus Cristo.

Unido e solícito com todos os agentes da pastoral da juventude:

P. António Jorge dos Santos Almeida.
Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações, Juventude e Ensino Superior

 

 

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