Vaticano: Sínodo ouviu bispos portugueses

D. Manuel Clemente eleito membro da Comissão de Informação da assembleia dedicada ao tema da nova evangelização

Cidade do Vaticano, 14 outu 2012 (Ecclesia) – Os bispos do Porto e de Lamego, representantes portugueses no Sínodo sobre a nova evangelização que decorre no Vaticano intervieram este sábado para pedir mudanças na presença e atuação da Igreja Católica.

D. Manuel Clemente, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, afirmou que o tema em debate desafia à “redescoberta e aprofundamento da novidade constante de Cristo, nas atuais circunstâncias da Igreja e do mundo”.

“A dispersão e itinerância tornam difícil a convivência habitual, familiar e comunitária. A individualização da vida, potenciada pela tecnologia, leva ao subjetivismo e ao virtualismo que rarefazem a realidade social e eclesial”, declarou o prelado, citado pelo boletim oficial do Sínodo dos Bispos.

O bispo do Porto aludiu à realidade portuguesa, que disse ser caraterizada por “uma população muito móvel e frequentemente opaca na mentalidade”

D. Manuel Clemente destacou que essa opacidade “poda derivar da maior densidade das ‘realidades temporais’ quando absorvem a atenção imediata e as intenções a médio prazo”, dificultando a abertura ao “horizonte espiritual e religioso”.

“Generaliza-se assim o secularismo pessoal e ambiental”, alertou.

A 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo consultivo convocado pelo Papa, tem como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’ e decorre dos dias 7 a 28 deste mês.

D. António Couto, bispo de Lamego, afirmou por sua vez que a Igreja “deverá ter a dinâmica das primeiras comunidades cristãs”, como um “átrio permanente da fraternidade aberta ao mundo”.

“Deverá ser, por outro lado, uma Igreja anunciadora, completamente vinculada ao seu Senhor, não seduzida pelas novidades da última moda”, acrescentou, apelando a um “estilo de vida pobre, humilde, despojado, feliz, apaixonado, audaz, próximo e dedicado”.

“Deixo a pergunta: porque é que os santos lutaram tanto, e com tanta alegria, para serem pobres e humildes, mas nós esforçamo-nos tanto para ser ricos e importantes?”, concluiu o presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização.

No final da nona reunião geral dos participantes, D. Manuel Clemente foi eleito como um dos membros da Comissão para a Informação deste Sínodo, presidida pelo arcebispo italiano D. Claudio Maria Celli, responsável máximo do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais (Santa Sé).

A primeira semana da assembleia sinodal contou com mais de 130 intervenções dos mais de 260 bispos presentes e outros convidados, tendo ficado marcada pela diversidade de temas e preocupações apresentadas, da secularização e relativismo na sociedade à imagem que os media transmitem da Igreja, passando por questões ligadas à liturgia e sacramentos, formação do clero, organização territorial, imigração, família, arte e cultura, ecumenismo ou mesmo um pedido de consagração do mundo ao Espírito Santo.

Os participantes no Sínodo celebraram esta quinta-feira com Bento XVI o início do Ano da Fé proclamado pelo Papa e o 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965).

OC

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