Sínodo 2012: Bispos alertam para necessidade de reconhecer o «mal» na Igreja

Intervenções destacam urgência de alterar atitudes e adaptar linguagem

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 10 out 2012 (Ecclesia) – Os trabalhos do Sínodo dos Bispos, a decorrer no Vaticano, ficaram marcados pelos apelos à mudança de atitude e de linguagem, para além de reconhecer o “mal” na Igreja Católica.

O arcebispo de Bruxelas e presidente da Conferência Episcopal da Bélgica, D. André Léonard, Bruxelas, afirmou perante os mais de 260 participantes – o maior número de sempre numa assembleia sinodal – que a “realidade do mal” é mesmo um dos “travões” para a ação evangelizadora.

Já na segunda-feira, o cardeal Donald Wuerl, relator geral do Sínodo e arcebispo de Wasinhgton (EUA), disse que “os pecados de poucos conduziram à falta de confiança nas próprias estruturas da Igreja”.

A 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo consultivo convocado pelo Papa, tem como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’.

D. Gervas Rozario, bispo de Rajshahi (Bangladesh), interveio para apelar ao combate contra o materialismo e o consumismo: “O sentido negativo da pobreza, como é vivida pelas populações asiáticas, é sobretudo resultado da cobiça insaciável de poucas pessoas, ricas e poderosas”.

Este responsável defendeu que os líderes católicos “têm de abrir o seu coração para se deixarem evangelizar pelos valores evangélicos dos pobres”.

O cardeal André Vingt-Trois, arcebispo de Paris e presidente da Conferência Episcopal Francesa, disse, por sua vez, que a Igreja tem de enfrentar, no Ocidente, “a linguagem mediática e o seu recurso ao imediato e à afetividade”.

Neste contexto, o prelado propôs uma “pedagogia da cultura” que leve ao compromisso dos católicos “em todos os sistemas educativos”.

Num encontro com jornalistas, o porta-voz para a imprensa hispânica e lusófona, padre José Maria Gil Tamayo, deu conta dos trabalhos realizados pelos bispos que integram os dois grupos (círculos menores) destas duas línguas.

O responsável destacou a intervenção de frei José Rodriguez Carballo, ministro geral dos franciscanos, o qual alertou para o risco deste Sínodo “dar respostas a perguntas que ninguém faz” e pediu formação intelectual para o diálogo com o “mundo da descrença”.

Os ‘círculos menores’ aludiram a uma “fé epidérmica” que leva muitas pessoas, em particular na América Latina, a procurarem as seitas.

Vários participantes lamentaram o tom “demasiado sombrio” de algumas intervenções e pediram que a assembleia sinodal seja um “apelo à esperança”, disse ainda o padre Gil Tamayo.

OC

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