Crise: Papa propõe Deus como resposta

Bento XVI visita santuário italiano para assinalar 50.º aniversário do início do Concílio Vaticano II

Loreto, Itália, 04 out 2012 (Ecclesia) – Bento XVI recordou hoje no Santuário do Loreto, na Itália, as consequências da crise económica mundial para muitas famílias e defendeu a necessidade de “voltar para Deus” a fim de encontrar esperança no atual cenário.

“Sem Deus o homem acaba por deixar prevalecer o seu egoísmo sobre a solidariedade e sobre o amor, as coisas materiais sobre os valores, o ter sobre o ser. É preciso voltar para Deus para que o homem volte a ser homem”, disse, na homilia da missa a que presidiu na Praça de Nossa Senhora do Loreto, 280 km a nordeste de Roma.

O Papa afirmou que a crise “atinge não apenas a economia, mas vários setores da sociedade”, situação que exige uma nova relação com o divino, na qual “o horizonte da esperança não desaparece”.

“Nunca estamos sozinhos, Deus entrou na nossa humanidade e acompanha-nos”, referiu, perante mais de 10 mil pessoas, segundo dados adiantados pelo Vaticano.

Durante a única intervenção pública desta visita, no dia em que se celebra a memória de São Francisco de Assis, o Papa recordou “os problemas de tantas famílias que olham para o futuro com preocupação, os desejos dos jovens que se abrem à vida, os sofrimentos dos que esperam gestos e escolhas de solidariedade e de amor”.

A viagem ao Santuário do Loreto acontece 50 anos depois de o Beato João XXIII ter feito a mesma viagem uma semana antes da abertura do Concílio Vaticano II, a 4 de outubro de 1962.

Bento XVI explicou que se apresentava no mesmo local em “peregrinação” para “confiar à Mãe de Deus duas importantes iniciativas eclesiais”: o Ano da Fé, que vai ter início no próximo dia 11, para assinalar o 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, e a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que se inicia este sábado com o tema ‘A Nova Evangelização para a transmissão da Fé Cristã’.

O Ano da Fé vai terminar a 24 de novembro de 2013, último domingo do ano litúrgico que começa no próximo dia 1 de dezembro, e o Sínodo dos Bispos conclui-se a 28 de outubro.

De acordo com uma antiga tradição, que segundo a agência de notícias do Vaticano “é comprovada por pesquisas históricas e arqueológicas”, o Santuário do Loreto guarda a casa onde a mãe de Jesus nasceu, em Nazaré, atual Israel.

“É a fé que nos dá uma casa neste mundo, que nos reúne numa única família e que nos faz todos irmãos e irmãs. Contemplando Maria, devemos perguntar-nos se também queremos ser abertos ao Senhor, se queremos oferecer-lhe a nossa vida para que seja uma morada para ele”, declarou o Papa.

Bento XVI lamentou que algumas pessoas vejam Deus como “um limite” para a sua liberdade.

“É o próprio Deus que liberta a  nossa liberdade, que a liberta do fechar-se em si mesma, do possuir, da sede de poder, de posse e de domínio, e a torna capaz de abrir-se à dimensão que a realiza no sentido pleno: o do dom de si, do amor, que se faz serviço e partilha”, precisou.

A fé, acrescentou, permite a “plena e definitiva realização” de cada ser humano.

A visita prossegue no Centro João Paulo II, em Montorso, onde o Papa vai almoçar e cumprimentar os organizadores da viagem, terminando às 17h00 locais, com o regresso ao Vaticano, numa viagem de helicóptero com duração prevista de uma hora.

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top