Media/Portugal: Igreja Católica aproveita «pouco» os espaços propícios à transmissão da sua mensagem

Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura critica ausência de um testemunho cristão «percetível» no meio da sociedade

Fátima, Santarém, 27 set 2012 (Ecclesia) – O segundo painel de debate das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, que começaram hoje em Fátima, ficou marcado por um apelo a uma Igreja Católica mais interveniente no espaço mediático, na defesa dos seus valores. 

Durante uma reflexão acerca do tema “Silêncios e silenciamentos na comunicação do religioso”, o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura realçou que a Igreja muitas vezes transmite “mal” aquilo em que acredita e aproveita “pouco” os espaços propícios à transmissão da sua mensagem.

Para o padre José Tolentino Mendonça, a hierarquia católica tem hoje o “dever” de explicar a mensagem de Cristo a um mundo que já “não o entende”, seja através da utilização dos órgãos de comunicação social ou por intermédio de estruturas próprias, desde que privilegiem o “profissionalismo e a competência”.

“O cristão é um tradutor, um hermeneuta”, deve “testemunhar” aquilo em que acredita “de uma forma percetível”, caso contrário o “corte” com a sociedade “irá prolongar-se”, apontou o sacerdote.

A reflexão acolhida pelo auditório do Seminário do Verbo Divino ficou ainda marcada pelo apelo dos jornalistas a uma relação de maior abertura entre a Igreja e os media.

António Marujo, jornalista do Público, salientou que “muitas vezes a comunicação social quer a voz de alguém da Igreja e não a tem”.  

A hierarquia católica “deve questionar-se sobre aquilo que fala ou aquilo que cala, e em que tempo”, acrescentou o comunicador, referindo-se concretamente à forma como decorreu a discussão à volta do caso do fim dos feriados católicos do Corpo de Deus (5 de Outubro) e de Todos os Santos (1 de novembro).

“Gostava de ter ouvido dizer que o trabalho não é tudo, que também temos família, amigos, necessidade de cultivar o espírito, de lazer, de cultura e de passeio”, confidenciou.

A mesa de debate contou ainda com a presença de Graça Franco, diretora de informação da Rádio Renascença, que reforçou a urgência da Igreja consolidar a sua voz no mundo e ganhar maior peso na defesa dos seus ideais.

De acordo com aquela responsável, os responsáveis católicos devem ter sempre em mente que “não defendem políticas ou ideologias, mas sim o que é justo”.

As Jornadas Nacionais de Comunicação Social prosseguem agora com a temática “Silêncios e silenciamentos no atual contexto mediático”.

A reflexão, moderada por Alexandra Serôdio, repórter do “Jornal de Notícias, conta com intervenções de Carlos Magno, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Orlando César, que dirige o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, e Manuel Vilas-Boas, jornalista da TSF.

O programa desta quinta-feira termina com a reunião dos membros da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã, agendada para as 21h00.

Todas as conferências e debates podem ser acompanhadas através da internet, nos sites www.ecclesia.pt/jornadas2012 e videos.sapo.pt/agenciaecclesia, com o apoio do portal Sapo.

JCP

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