Bragança: Mais ação dos leigos e menos missas

É «urgente» formar unidades e equipas pastorais devido à «escassez de clero», diz bispo diocesano

Bragança, 28 ago 2012 (Ecclesia) – Maior intervenção dos leigos, diminuição da importância da paróquia enquanto centro de decisão e redução do número de missas são algumas das implicações das Unidades Pastorais que o bispo de Bragança-Miranda quer implementar na diocese.

“Devido à escassez de clero” tornou-se “urgente” formar equipas “presididas por um Presbítero e integradas por alguns fiéis – presbíteros, diáconos, religiosos e leigos –, designados pelo Bispo”, escreve D. José Cordeiro em Carta Pastoral enviada à Agência ECCLESIA.

Estes grupos, compostos por membros “corresponsáveis na ação pastoral e não meras ajudas para aliviar a carga do pároco”, vão assegurar o planeamento das atividades nas paróquias reunidas numa Unidade Pastoral.

A equipa pastoral “está ao serviço do conjunto das comunidades da Unidade Pastoral” e os fiéis que a integram vão reunir “regularmente”, dividindo as responsabilidades “segundo o ministério e os carismas de cada um”, assinala o texto.

As paróquias não vão desaparecer dado que “continuarão a viver, tendo o seu ritmo próprio, mas de uma maneira diferente, no conjunto da nova organização”, embora deixem de ser “o lugar de coordenação da pastoral”.

“Por exemplo, a liturgia, a catequese, a preparação para a Confirmação, a ação sócio caritativa e outras atividades, organizar-se-ão ao nível da Unidade Pastoral”, explica D. José Cordeiro.

O prelado frisa que as paróquias “devem ser casas que sabem acolher e escutar medos e esperanças das pessoas, perguntas e angústias e que sabem oferecer um corajoso testemunho e um anúncio credível da verdade, que é Cristo”, pelo que “o acolhimento cordial e gratuito é a condição primeira da evangelização”.

A Carta sobre as Unidades Pastorais antecipa a baixa do número de missas e lembra que a quantidade de padres não é a mesmo de antigamente: “Certamente que haverá alguma redução cultual, nomeadamente da Eucaristia em muitos lugares”.

“Contamos com a compreensão das comunidades cristãs para acolherem, em ação de graças, a realidade pastoral que lhes podemos oferecer, não supervalorizando as tradições e os costumes alcançados, sobretudo no tempo em que havia muitos Presbíteros ao serviço desta Diocese”, aponta.

D. José Cordeiro considera que “uma celebração comum e festiva numa igreja bem cheia, um grupo dinâmico de jovens, uma equipa pastoral motivada que vem trazer a diversidade e a complementaridade das suas personalidades, farão a alegria de toda uma comunidade”.

Cada Unidade vai ter um conselho pastoral representativo das comunidades que lhe pertencem, além de um conselho de gestão destinado a propor o orçamento e elaborar a contabilidade da “caixa comum”, em articulação com os organismos paroquiais já instituídos para o mesmo efeito.

“É cada vez mais comum na Europa recorrer às formas de ‘Unidades Pastorais’ com as quais se deseja promover a colaboração orgânica entre paróquias vizinhas e sem fronteiras, salienta o documento.

Os católicos “necessitam de inventar caminhos novos em colaboração, comunhão e partilha das tarefas e das responsabilidades”, aponta D. José Cordeiro: “Talvez tenhamos, como escrevia F. Pessoa, de ‘aprender a desaprender’ e ousar a coragem da novidade”.

RJM

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