D. Manuel Pelino lança carta pastoral com propostas para nova evangelização em «tempos de descrença»
Santarém, 02 ago 2012 (Ecclesia) – O bispo de Santarém quer que os católicos se mobilizem contra a “crise de fé” na sociedade contemporânea e apresentou à diocese um conjunto de propostas que visam abrir “novos horizontes”.
“Há uma crise de fé, um desinteresse pela dimensão religiosa da vida. Sem Deus falta a luz e o apoio para a existência humana e a referência para o bem e o mal”, escreve D. Manuel Pelino, na nota pastoral para 2012-2013, intitulada ‘Felizes os que acreditam’.
O documento, publicado no site diocesano, recorda a convocação de um ‘Ano da Fé’, por Bento XVI, como uma oportunidade para compreender e viver “o fundamento” da fé cristã.
“Em ambiente de descrença, Deus parece escondido por um véu ou uma parede fechada. Como se estivesse ausente ou se tivesse eclipsado da vida de cada um e da história dos homens”, alerta o bispo de Santarém.
O Ano da Fé vai ser celebrado de 11 de outubro de 2012, 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965), a 24 de novembro de 2013, solenidade litúrgica de Cristo Rei.
“Hoje, em tempos de descrença e de desorientação, é de novo necessário levar o anúncio do evangelho aos que o não conhecem para que Deus lhes abra a porta da fé e lhes revele a verdade e o amor”, assinala D. Manuel Pelino.
O prelado alude a uma “onda de agnosticismo” que se traduz, entre outras consequências, “no recuo da prática dominical, na diminuição da celebração dos sacramentos e na rutura da transmissão da fé aos mais novos”.
“Estamos perante um mundo diferente onde as referências cristãs se diluem. Precisamos de evangelizar de novo e de forma nova”, escreve o vogal da Comissão Episcopal da Educação Cristã e da Doutrina da Fé.
O bispo de Santarém salienta que hoje é necessário “começar pelo princípio, pelo despertar da fé, dando relevo ao primeiro anúncio de Jesus Cristo” face à “ignorância religiosa”.
“Notamos algum cansaço e desânimo da parte dos evangelizadores. Chocam com o desinteresse das pessoas do nosso tempo que se mostram indiferentes à prioridade de Deus e à dimensão espiritual da vida e não dão ouvidos ao anúncio do evangelho”, admite.
O responsável convoca à busca de “uma fé mais fundamentada, assente em convicções, capaz de dialogar com a cultura descrente e responder perante tantas confusões”.
D. Manuel Pelino diz que “a catequese não fideliza os destinatários”, convidando a “repensar” prioridades e o estilo da pastoral.
Neste contexto, o prelado diz que cada comunidade “precisa de traduzir a nova evangelização” em propostas concretas, como “valorizar, numa perspetiva evangelizadora, os encontros de preparação e de celebração dos sacramentos, sacramentais e piedade popular”.
A carta pastoral propõe que seja organizada uma missão “de rua” ou “porta a porta” que leve “ao encontro das pessoas nos lugares onde decorre a sua vida quotidiana”.
O bispo de Santarém evoca ainda o 50.º aniversário da abertura dos trabalhos do Concílio Vaticano II e refere que “a novidade que os textos conciliares trouxeram à Igreja está ainda longe de ser alcançada na prática pastoral”.
“É necessário, no Ano da Fé, aprofundar a compreensão das quatro grandes constituições conciliares que abordam estas dimensões da vida da Igreja: Lumen Gentium, Dei Verbum, Sacrosanctum Concilium e Gaudium et Spes”, observa.
OC