“Pensadores por toda a parte do mundo, hoje em dia, estão a começar a ver que o crescimento espiritual, a consciência espiritual é a mais alta prioridade para o nosso tempo. Mas a questão é: como é que entramos neste caminho?” (John Main, in “O Momento de Cristo”)
A visão de John Main OBS, tão atual, hoje! A preocupação de ajudar os homens e mulheres, das nossas sociedades ocidentais e principalmente os cristãos, a empreender essa tarefa do ‘crescimento espiritual’ levou-o a transcrever para uma linguagem moderna o ensinamento ancestral que se enraíza na prática dos primeiros cristãos e nos ensinamentos de Jesus Cristo sobre a oração. Respondendo à questão que coloca ele próprio coloca, John Main propõe-nos:
“É aí que a tradição da meditação tem suprema importância para nós como uma tradição de compromisso espiritual […] que atravessou o tempo e está ainda disponível para vós e para mim.” (in “O Momento de Cristo”)
O Pe. John Main, um monge beneditino do séc XX, teve um papel preponderante na renovação contemporânea da tradição contemplativa cristã.
A proposta é ir para além dos pensamentos, mesmo dos pensamentos puros. A meditação diz mais respeito ao ser do que ao pensar. Na oração contemplativa procuramos tornarmo-nos na pessoa que somos chamados a ser: não por pensar em Deus, mas por estar com Ele. Estar simplesmente na Sua presença é mais do que suficiente. Estar simplesmente com Ele é deixarmo-nos ser a pessoa que Ele nos convida a ser. Esta é a mensagem do mandamento de Jesus, de procurarmos em primeiro lugar o Reino e tudo o resto nos será dado por acréscimo.
A meditação é uma prática espiritual universal que se encontra no âmago de todas as grandes tradições religiosas, levando-nos da mente para o coração.
É um caminho de simplicidade, silêncio e quietude, que pode ser praticado por qualquer pessoa, de qualquer idade.
Comunicar os ensinamentos de John Main e fomentar a prática da meditação cristã é o trabalho desenvolvido atualmente pela Comunidade Mundial de Meditação Cristã. A World Community for Christian Meditation, WCCM, criada em 1991 e com sede em Londres, tem tido um crescimento considerável e está presente em mais de cem países.
Laurence Freeman OBS, é atualmente o diretor espiritual da CMMC, é um monge beneditino, da Congregação do Monte Oliveto. Nos últimos anos tem sido o grande dinamizador da WCCM, espalhada por todo o mundo, que visita com regularidade, e considera “um mosteiro sem muros”. Líder carismático e reconhecido pela sua sabedoria é muito estimado e admirado.
Father Laurence, esteve em Portugal, em abril de 2012 para liderar um Retiro de Silêncio e fez também, diversas conferências nas quais abordou diversas aspetos da meditação cristã, a experiência que existe noutros países, e a importância da sua prática, para os cristãos, para os católicos e para a Igreja Católica. Os temas abordados incluíram a Meditação como forma de evangelização, a sua introdução na catequese, como prática diária e de formação das crianças em escolas católicas, a saída de católicos da Igreja e o seu envolvimento com outras tradições espirituais, dizendo que, “A razão pela qual tantos católicos abandonaram a Igreja e se integram nas tradições orientais é porque desconhecem a existência e a riqueza da nossa própria tradição contemplativa.”
Em Portugal a CMMC está presente, desenvolve várias atividades e existem grupos de meditação em muitos locais. Pode ser melhor conhecida e contactada através da página www.meditacaocrista.com.
Para conhecer esta tradição, o silêncio e interioridade a que dá acesso, o mais importante é meditar:
Sente-se, com as costas bem direitas. Fique imóvel. Feche ligeiramente os olhos. Interiormente, comece a recitar uma só palavra – uma palavra-oração ou mantra. Recomendamos a antiga palavra-oração cristã “MARANATHA”. Recite-a mentalmente dando igual ênfase às suas quatro sílabas. Respire normalmente e concentre a sua atenção na palavra à medida que a pronuncia, suave, silenciosa e fielmente e acima de tudo na simplicidade. O essencial da meditação é a simplicidade. Fique com a mesma palavra durante toda a meditação e de dia para dia. Não a visualize mas oiça a palavra à medida que a pronúncia. Abandone quaisquer pensamentos (mesmo os bons), imagens ou outras palavras. Não lute com as suas distrações mas deixe-as ir ao dizer a sua palavra, fiel, suave e atentamente e voltando a ela sempre que perceber que estava distraído.
Gilda Monteiro, Comunidade Mundial de Meditação Cristã
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