D. Jorge Ortiga lembrou as «angústias dos desempregados que não conseguem dar serenidade e paz às suas famílias»
Guimarães, Braga, 18 jun 2012 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga acentuou este domingo a vertente espiritual da Ronda da Lapinha, tradição que assinalou 400 anos com uma celebração no Toural, um dos largos mais emblemáticos de Guimarães.
Os 21 km do também denominado Clamor constituem uma “autêntica meia maratona da fé”, afirmou D. Jorge Ortiga, referindo-se à procissão na qual a imagem da Senhora da Lapinha é levada da localidade de Calvos até Guimarães, regressando depois ao ponto de origem.
O responsável pela coordenação dos organismos da Igreja Católica dedicados à ação social rezou pelas “angústias dos desempregados que não conseguem dar serenidade e paz às suas famílias” e pelos pais “que em silêncio gastam as suas vidas pelos filhos”, segundo o texto publicado pela arquidiocese bracarense.
Dirigindo-se à Virgem Maria, o prelado pediu-lhe para impedir a “indiferença” dos fiéis e apoio para que sejam capazes de ter uma “intervenção ativa na sociedade, capaz de anunciar a verdade e denunciar os erros”.
Os “idosos, esquecidos ou abandonados, que não conhecem a carícia dos filhos”, os doentes “que ninguém visita e sofrem a solidão”, os lares “onde a violência doméstica acontece e a educação humana esmorece” e os jovens “em época de exames” ou que percorrem caminhos de delinquência”, foram também lembrados pelo arcebispo.
A procissão, que ocorre no terceiro domingo de junho, contou com a atuação da Fundação Orquestra Estúdio, criada no âmbito da programação de Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012, tendo terminado com a oração de consagração das famílias a Nossa Senhora.
A tradição remonta ao século XVII, quando os agricultores pegaram na imagem da Senhora da Lapinha, que se venerava entre lapas, e trouxeram-na até à igreja de Nossa Senhora da Oliveira, no centro de Guimarães, numa tentativa de deter uma praga de gafanhotos que ameaçava as colheitas.
Quando os lavradores regressaram a casa observaram que o mal tinha terminado, tendo prometido repetir a procissão todos os anos.
RJM