Europa: Superar visão economicista

Responsáveis das Igrejas Católica e Ortodoxas reúnem-se em Lisboa para encontro ecuménico dedicado à atual crise

Alfragide, Lisboa, 05 jun 2012 (Ecclesia) – O presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), organismo católico, disse hoje em Lisboa que a atual crise económica e financeira tem dimensões de “natureza ética e moral” que devem ser tidas em conta.

“A crise indica-nos que uma sociedade submetida a simples interesses económicos e que não tenha a pessoa no seu centro não consegue tornar-se um lugar humano para viver”, disse o cardeal Péter Erdo, arcebispo de Budapeste (Hungria), na abertura do 3.º Fórum Católico e Ortodoxo.

‘Crise económica e pobreza: desafios para a Europa hoje’ é o tema que entre hoje e sexta-feira reúne dezenas de figuras do clero das duas Igrejas no Seminário de Nossa Senhora de Fátima em Alfragide, Patriarcado de Lisboa.

Para o presidente do CCEE, o caminho de saída da atual situação “não se abre pela simples descoberta de um novo mecanismo económico ou financeiro” ou pela “aplicação de um conjunto de ideias forjadas por um idealismo teórico”.

Aos cristãos, acrescentou o cardeal Erdo na abertura dos trabalhos, compete “ter uma voz comum diante da sociedade europeia”.

“As urgências da crise atual tornam-se motivo não só para uma resposta generosa e concreta à necessidade de esperança do mundo, mas levam-nos a pedir incessantemente pela oração o dom da unidade”, observou.

D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, inaugurou os trabalhos e destacou “o interesse” com o qual disse aceitar “o desafio desta reunião, que já entrou no ritmo normal das Igrejas”.

“Apesar das nossas diferenças, somos Igrejas cristãs numa Europa onde a fé se deve exprimir numa visão da pessoa, da sociedade, num discernimento dos problemas”, acrescentou. 

O metropolita ortodoxo Gennadios de Sassima, do Patriarcado de Constantinopla (Turquia), disse por sua vez que a atual crise económica é “uma realidade sem precedentes” na história da Europa, com muitas nações a “enfrentar as trágicas consequências de uma pobreza financeira e social”.

“Milhões de pessoas perdem o seu trabalho, o desemprego está em rápido crescimentos, os jovens perdem as suas próprias esperanças e olham amargurados para um futuro ambíguo e incerto”, acrescentou este responsável, destacando a importância da “assistência moral e de um encorajamento espiritual” por parte das Igrejas cristãs.

Já o metropolita ortodoxo de Espanha e Portugal, Policarpo, alertou para as consequências da “grave crise económica” que resulta da “grande crise espiritual e moral que hoje atravessa a humanidade”.

“O elemento que une [a Europa] não é o Euro, mas o imortal espírito cristão e greco-romano”, referiu ainda.

O encontro ecuménico vai decorrer à porta fechada, com a publicação de um comunicado no final dos trabalhos.

O programa prevê que os participantes estejam presentes esta quinta-feira na Sé de Lisboa para a missa do Corpo de Deus presidida pelo cardeal-patriarca, D. José Policarpo, às 11h30.

O encontro inclui também uma oração ecuménica no Colégio do Bom Sucesso, em Lisboa, às 19h00 de quarta-feira, aberta ao público.

OC

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Agência ECCLESIA

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