Um congresso com história na ACEGE

Jorge Libano Monteiro, ACEGE

O 5º congresso nacional da ACEGE, sobre o improvável tema “Amor ao próximo como critério de gestão” coincide com a comemoração dos seus 60 anos de atividade (até 1998 sob a denominação UCIDT – União Católica dos Industriais e Dirigentes do Trabalho) e representa mais um passo de uma história associativa de fidelidade à sua missão inicial de ser um movimento de líderes empresariais, uma comunidade dinâmica capaz de fortalecer minorias criativas e atuantes capazes de propor e provocar pela sua ação a transformação das empresas e da sociedade.

O presente congresso surge como mais uma etapa dessa história e resulta de um amplo debate desenvolvido no seio da ACEGE, em diversas conferências e no âmbito dos grupos Cristo na Empresa, que procurou ir mais longe no entendimento dos fundamentos da atuação profissional dos líderes empresariais e da responsabilidade das suas empresas perante todos aqueles que são envolvidos pela sua acção. Um debate que se pretende não seja teórico e idealista mas possa ser aplicado à vida concreta nas empresas de cada associado e de todos os líderes empresariais de boa-vontade.

Um debate já longo que levou a ACEGE a ter debatido no primeiro congresso em Coimbra, em 1998, “O desenvolvimento económico e a pessoa humana”, numa afirmação da pessoa como centro da acção empresarial, para em 2002 ter iniciado a aproximação ao tema da ética, em Lisboa, sob o tema “A globalização, o desenvolvimento e a ética” que reforçou em 2004 com a aprovação do seu código de ética num marcante congresso sob o tema “Ética: Fator de desenvolvimento e progresso”. Em 2006, com a presença de mais de 500 empresários mundiais da UNIAPAC, a ACEGE procurou encontrar formas de concretização da ética, nas empresas, primeiro sob o tema “Potenciar líderes empresariais ao serviço do mundo moderno” e finalmente em 2009 sob o tema “Empresários e gestores: Missão e valores perante os desafios de hoje”, numa afirmação clara da necessidade dos empresários católicos assumirem o seu papel na sociedade.

O tema do congresso deste ano “Amor ao próximo como critério de gestão”, insere-se assim neste dinamismo de uma reflexão de fundo da ACEGE e propõe um novo e improvável critério para a gestão, para transformar as empresas através de líderes empresariais que afirmem com clareza as suas origens e os valores que partilham. Um novo critério que pretende tocar o coração e a humanidade dos empresários. Como referiu António Pinto Leite: «A ética cristã não se confunde com seriedade. A ética cristã vai bem mais longe. A raiz da ética cristã é o amor e por isso implica mais do que ser sério, mais do que ser competente e íntegro. […] Mais: o critério evangélico de amor ao próximo é o melhor critério para uma gestão ética das empresas. Significa tratar o outro como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos no lugar dele. É assim que um responsável empresarial deve olhar para um trabalhador, é assim que deve olhar para um acionista, ou para um fornecedor ou para a comunidade que o envolve. O critério do amor ao próximo é um critério nuclear e extraordinariamente eficaz para uma gestão empresarial cristã» (1)

É este o desafio que os associados da ACEGE pretendem lançar para o debate no seu 5º Congresso Nacional, no dia 1 e 2 de Junho na Universidade Católica em Lisboa, assumindo com toda a humildade, que estão somente a iniciar um debate para o qual não têm respostas definitivas mas apenas uma enorme vontade de aprofundar a reflexão e ver qual o seu impacto nas empresas.

Jorge Libano Monteiro, ACEGE

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(1) Intervenção de António Pinto Leite na tomada de posse da Direção Nacional, Igreja de São Nicolau, 15 abril de 2010.

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