Direito: Bispo do Porto lembra aos advogados o exemplo do seu patrono

Justiça «começa por consistir em dar a cada um o que lhe é devido, aquilo a que tem direito», sublinhou D. Manuel Clemente

Lisboa, 21 mai 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto destacou este sábado o modelo de justiça oferecido por Santo Ivo (1253-1303), patrono dos Advogados, durante a sessão solene comemorativa do dia desta classe profissional realizada em Lisboa.

D. Manuel Clemente recordou a atuação do santo francês, “a quem acorriam pobres de toda a Bretanha, de perto ou longe, confiados no advogado certo de todas as causas justas”, acrescentando que este exemplo manifesta “o ponto em que a justiça humana se deixa absorver pela divina”.

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa sublinhou que a justiça “começa por consistir em dar a cada um o que lhe é devido, aquilo a que tem direito”, refere o site da diocese do Porto, que reproduz o discurso proferido no Salão Nobre da Ordem dos Advogados.

Na conferência intitulada “A Justiça dos Homens e a Justiça de Deus”, o bispo do Porto recordou passagens bíblicas relativas ao tema e citou autores cristãos, como João Paulo II (1920-2005), que testemunhou “grandes injustiças e destruições, na sua Polónia natal, durante e depois da ocupação nazi”.

O Papa polaco constatou “que um regime de igualdade oficial podia coexistir com opressões concretas, no respeitante à liberdade de pessoas e instituições”, apontou D. Manuel Clemente, formado em História e Teologia.

A experiência vivida por Karol Wojtyla fez com que “a causa da paz lhe fosse tão cara, bem como a convicção que mantinha de que a regeneração humana só seria possível com uma grande capacidade de reintegrar e recomeçar, fosse com quem fosse”, acrescentou.

O prelado realçou à atualidade da ideia de justiça enquanto “vizinhança alargada e integradora”, no seguimento de um comentário à parábola bíblica do “Bom Samaritano” feita pelo indiano Amartya Sen, Prémio Nobel da Economia.

“A fasquia misericordiosa da justiça é altíssima, bem o sabemos. Mas atingiu-se em Cristo, que morreu a pedir perdão para quem o crucificava”, bem como “em tantos seguidores seus através dos séculos”, afirmou ainda o bispo do Porto.

RJM

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