Foi em plena apresentação do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, em Lisboa, que chegou a notícia da morte do Padre Pierre Babin.
Foi em plena apresentação do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, em Lisboa, que chegou a notícia da morte do Padre Pierre Babin. Ali se ouviu, breve mas sentido, o primeiro comentário do cónego António Rego, mais tarde prolongado em entrevista à Ecclesia – homenageando uma figura “visionária” com quem aprendeu a usar a linguagem televisiva de uma forma “sintética e simbólica” e a transmitir ao público “o transcendente de cada situação, sem nunca negar o seu conteúdo”. Na celebração da missa de corpo presente, o atual diretor do CREC (Centre de Recherche et d’Éducation en Communication) que o Padre Babin fundou, falou dele como padre, profeta e amigo. Mas a referência até agora mais completa recolhi-a num texto de Robert Molhant, intitulado “Pierre Babin,o.m.i. De la voie catéchiste à la voie symbolique”.
São15 páginas que nos ajudam a seguir o itinerário de um admirável especialista em comunicação, que terminam reproduzindo um texto de Pierre Babin, escrito em 15 de dezembro de 2005, como cartão de Natal. Intitula-se “La Terre Promise”.
Traduzo-o, acreditando que o padre Babin já ali habita, no êxtase que é, afinal, a incapacidade/utilidade das palavras:
«A vida é uma longa viagem para a Terra Prometida.
A publicidade diz-te: a terra prometida é aqui ou ali;
compra esta ou aquela.
Compra, mas não acredites.
A terra prometida não existe senão nas tuas profundezas.
Entra em ti de modo tão profundo que te tornes universal.
Assim é a terra prometida, quando todas as nações serão abençoadas em ti.
Não porque as tenhas dominado ou colonizado,
mas porque as farás nascer no teu coração.
A terra prometida não é o sucesso das ideologias,
mas o sucesso da mistura:
mistura de imagens e de livros; de africanos e asiáticos;
do tam-tam e de Mozart; de cores e músicas.
Na idade da Internet e do audiovisual,
perderão a sua supremacia os brancos e as palavras escritas nos livros.
Ricos e pobres comerão no Carrefour.
Budistas, cristãos e muçulmanos reconhecer-se-ão
dedos diferentes da mesma mão; rostos imperfeitos do mesmo Deus.
Então se cumprirá o Natal, Deus com ele e Deus connosco.
Chegará então a terra anunciada da Aldeia global
e a unidade revelada do homem e da mulher.
Não mais haverá fronteiras, nem “man’s land”,
nem céu, nem inferno; mas montanhas e planícies debaixo do sol.
A unidade não nascerá por exclusão, mas pela diversidade.
Em cada encruzilhada, as diferenças mostrarão a juventude da vida eterna.
A mistura eletrónica é uma pálida imagem da terra Prometida quando Som, Palavra e Imagem se casam.
Aprender a misturar é o sentido da vida.
O enorme ruído dos povos e das guerras atómicas
anuncia o fim de um mundo de nações e raças.
Irmãos e irmãs, este velho mundo não pode manter as suas fronteiras.
Não era preciso inventar a Internet.
Paz sobre a terra!
Unidade na diversidade!
Na mudança de ano, que o Espírito nos una
no grande combate da Terra Prometida!»
João Aguiar Campos