«Muita coisa deve mudar na ação pastoral com os doentes», sublinha D. Jorge Ortiga
Fátima, Santarém, 03 mai 2012 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga denunciou esta quarta-feira em Fátima as “preocupações economicistas para evitar prejuízos e faturar lucros”, bem como as “burocracias exageradas” existentes nas estruturas de saúde em Portugal.
Na missa do primeiro dia do 24.º Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, D. Jorge Ortiga sublinhou que os cristãos “não podem ignorar o sofrimento alheio” e que os aparentes sinais “de abandono de Deus” devem ser preenchidos “por gestos de muita solicitude e ternura “.
“Muita coisa deve mudar na ação pastoral com os doentes”, vincou o anterior presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e atual responsável pela Comissão da Pastoral Social e Mobilidade Humana, de acordo com a homilia publicada no site da arquidiocese bracarense.
O responsável frisou que a ajuda da Igreja aos doentes deve ir além dos sacramentos administrados pelo clero: “Os leigos também podem e devem ‘salvar’ muitos enfermos através do que, sinteticamente, se chama de virtude da compaixão”.
“Ter compaixão é reconhecer que o sofrimento do outro também é o meu sofrimento. E ter compaixão é partilhar esse sofrimento alheio através da nossa oração, caridade, palavra, escuta e presença (companhia)”, afirmou.
Depois de realçar que a solidão é a “doença mais dolorosa da sociedade”, D. Jorge Ortiga lamentou as “notícias de homens e mulheres que se abandonam à sua incapacidade, à sua deficiência, à sua doença”, que “deixaram de acreditar em si e em Deus” e “que se contentam com respostas rápidas, com brilhos passageiros”.
A ação da Igreja no domínio da saúde “tem de ser um caminho para a nova evangelização, ou seja, um instrumento peculiar para manifestar a beleza do amor de Deus”, disse o arcebispo, acrescentando que os profissionais cristãos “não podem esquecer a sua identidade”.
“Talvez não necessitem de etiquetas para se afirmarem”, dado que “o silêncio da dedicação e serviço de entrega pode marcar a diferença, mesmo sem se usar palavras”, referiu o responsável, que agradeceu voluntariado dos “ministros da esperança”, que nas comunidades católicas visitam e acompanham os doentes.
D. Jorge Ortiga destacou também o testemunho das pessoas que, “‘muitas vezes sem mencionar o próprio nome de Cristo’, o manifestam concretamente”, tendo assinalado que esses exemplos “são muitos, mas poderão ser ainda mais”.
RJM