Emprego: Grupos de entreajuda devolvem esperança a pessoas que ficaram sem trabalho

Projeto desenvolvido pelo Instituto Padre António Vieira e pela Cáritas Portuguesa combate «desespero» de quem tem futuro incerto

Lisboa, 02 mai 2012 (Ecclesia) – A entrada em grupos de entreajuda para a procura de emprego, iniciativa promovida pelo Instituto Padre António Vieira e pela Cáritas Portuguesa, está a devolver a esperança a muitas pessoas que ficaram sem trabalho.

Em entrevista ao programa de rádio ECCLESIA, Cristina Carita realça que a adesão ao projeto, que implica a busca partilhada de uma reentrada na vida ativa, reforçou o seu “nível de motivação”, que estava a cair depois de quatro meses desempregada.

“Dar e receber é muito importante”, bem como “a perspetiva de partilhar preocupações e desmotivações durante o dia, porque a ideia do grupo não é só as reuniões quinzenais, é depois as pessoas auto motivarem-se umas às outras”, aponta.

Seja através da integração de núcleos sob a sigla GEPE (Grupo de Entreajuda na Procura de Emprego, do Instituto Padre António Vieira) ou GIAS (Grupo de InterAjuda Social, da Cáritas), a ideia geral é “muito simples”, sublinha Cristina Carita.

Ao mesmo tempo que as pessoas estão a fazer “trabalho de pesquisa” para si próprias estão a “pensar nos outros”, contribuindo para a procura de soluções, partilhando ofertas de emprego adequadas às aptidões de cada um.

Um processo em rede que combate o “desespero” e a “falta de segurança” de quem não consegue por agora “visualizar” o futuro.

Todos os dias a jovem lisboeta manda “dois, três currículos”, em resposta a uma média de “50 a 60 anúncios” consultados, mas até agora só foi chamada para “seis entrevistas de emprego”.

Escrever manuais práticos sobre a sua atividade profissional e ajudar os outros são metas enquanto não consegue retomar um “trabalho fixo”.

[[a,d,3093,Emissão 30-04-2012]]Maria João Albuquerque, de 58 anos, é outra das pessoas que procuram nos grupos de entreajuda a alavanca para o regresso ao mercado e a manutenção da estabilidade psicológica e social.

Depois de 30 anos a trabalhar numa fábrica de alumínios, a falência da empresa atirou esta mãe de duas filhas para o “fundo de desemprego”, sem possibilidade de receber uma indemnização.

A entrada no GEPE, após mais de seis meses de luta em busca de alternativas, permite-lhe ajudar os mais novos do grupo a “não baixarem os braços” e trocar experiências com pessoas da sua idade que caíram na mesma situação.

“Infelizmente há muita gente, para a nossa idade já é complicado”, lamenta Maria João Albuquerque, que ainda alimenta o sonho de enveredar por um projeto ligado à “costura”, que não conseguiu concretizar no início da sua vida profissional.

“Antigamente quando estávamos de férias da escola íamos para casa das senhoras aprender a costura, alinhavar, fazer bainhas, e como estava habituada era isso que eu queria”, recorda.

O programa da Igreja Católica na Antena 1 dá a conhecer até à próxima sexta-feira, sempre a partir das 22h45, testemunhos de quem se esforça por voltar ao mercado de trabalho.

Portugal chegou ao final de março com uma taxa de desemprego de 15,3 por cento, a terceira mais elevada da União Europeia, revelou hoje o Eurostat.

PRE/JCP

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