Vaticano: Defesa da família contra a crise

Presidente do organismo responsável pelo setor na Santa Sé diz que é preciso repensar modelos económicos e estilos de vida

Lisboa, 01 jun 2012 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício para a Família (CPF), organismo da Santa Sé, defende os modelos familiares tradicionais e o aumento do valor dado ao relacionamento entre as pessoas como caminhos de saída para a crise.

“Os indicadores sociais revelam que à medida que se empobrece a qualidade das relações familiares cresce também a necessidade de consumir coisas; assim cresce o endividamento das pessoas, das famílias e do Estado”, alertou o cardeal Ennio Antonelli, em entrevista à ECCLESIA.

O presidente do CPF antecipava o 7.º Encontro Mundial das Famílias, que decorre em Milão, Itália, até domingo, tendo como tema ‘A família: o trabalho e a festa’.

“É um tema muito atual porque a família o trabalho e a festa estão interligados, a família depende do trabalho, basta pensar que muitos jovens atrasam o seu matrimónio porque não têm trabalho”, explica.

Para o cardeal, “a festa e o trabalho condicionam muito o comportamento da família”, assinalando que quando o tempo livre “ocorre num dia específico é um fator de coesão, de união para a família e para a comunidade”, enquanto “o tempo livre individual se torna fator de desagregação”.

“O encontro de Milão tem valor em si mesmo, são famílias de tantos países do mundo que se encontram, que trocam conhecimentos, que fazem amizades, que partilham experiências”, acrescenta.

A iniciativa vai ser encerrada pelo próprio Bento XVI, que chega hoje a Milão – cerca de 580 km a norte de Roma – pelas 17h00 locais (menos uma em Lisboa) e conclui o encontro dois dias depois, pelas 10h00, no Parque Norte, na periferia da cidade, numa missa em que, segundo o cardeal Antonelli, se esperam um milhão de pessoas.

Para o responsável do Vaticano, “a crise económica obriga a repensar” o atual “modelo de desenvolvimento, este estilo de vida”.

“É certo que o nosso modelo económico assenta na máxima produção e no maior consumo, mas não há muito futuro nisto, é necessário repensá-lo e reequilibrar as coisas”, observa.

O cardeal italiano destaca as funções que pertencem à família, “mesmo no plano económico”, considerando-a como “um amortecedor social quando falta o trabalho ou na criação e condução de pequenas empresas familiares que são o nervo da economia de muitos países”.

Este responsável pede que “a política, a economia, a cultura” procurem caminhos que “traduzam as preocupações profundas dos homens, mais do que impor modelos que são artifícios para estimular o desejo”.

“Se olharmos os indicadores sociais, também os jovens colocam a família no topo dos seus desejos e dos seus valores, uma família estável que depois não conseguem concretizar”, frisou.

Neste contexto, o cardeal Antonelli declara que “as pessoas que se dizem mais felizes são os casados que têm uma família normal”.

“Pensa-se que com o divórcio se resolvem os problemas ma não é assim, não é verdade, por vezes acabam é multiplicados”, sustenta.

Os Encontros Mundiais das Famílias iniciaram-se na capital italiana, em 1994, repetindo-se a cada três anos com o objetivo de “celebrar o dom divino da família” e aprofundar a “compreensão da família cristã como Igreja doméstica e unidade básica de evangelização”.

PTE/OC

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