Fátima, Santarém, 18 abr 2012 (Ecclesia) – O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje em Fátima que a diminuição do número de católicos no país “é um desafio” para a Igreja, mas sublinhou que o essencial é a “qualidade”.
Segundo um inquérito elaborado pela Universidade Católica (UCP), divulgado pela CEP, entre 1999 e 2011 a percentagem de católicos na população portuguesa baixou de 86,9% para 79,5%, enquanto se verificou um aumento dos que se dizem não crentes ou sem religião – de 8,2% para 14,2%.
“Todos nós gostaríamos de ver os números a crescer, mas também sabemos que a quantidade não é o fundamental”, admitiu o padre Manuel Morujão, em declarações aos jornalistas, acrescentando que “o aspeto mais importante é a qualidade”.
Este responsável observou que a Igreja Católica “considera os resultados desta sondagem como um desafio que lhe é feito”, para que saiba “responder com qualidade”, com uma mensagem “sempre renovada”.
“As prioridades dessa resposta passam por irmos ter com os jovens, a nova geração, que nos desafia e levar os valores de fé: Jesus Cristo continua a ser atual e os valores do evangelho fomentam qualidade de vida pessoal e social”, prosseguiu.
A sondagem, que reuniu cerca de 4 mil respostas, foi apresentada durante a assembleia plenária da CEP, que decorre até quinta-feira.
Para o secretário do episcopado português, “quem é católico é porque o quer, não por pressões familiares, sociais, sociopolíticas”, falando num “clima de maior liberdade para que cada um possa tomar as suas opções”.
Segundo o padre Manuel Morujão, à Igreja compete “saber ler” os indicadores agora apresentados, através do inquérito.
O coordenador do estudo, Alfredo Teixeira, destacou “o fenómeno de alargamento da pluralidade na sociedade portuguesa”, com um “peso relativo maior” de certas minorias religiosas” e dos “sem religião”.
Sublinhando a “desarticulação entre o crer e o pertencer”, este especialista observou que “há zonas claras em que a Igreja Católica terá de pensar a sua inscrição na sociedade portuguesa”.
Em particular, o professor universitário destacou o “problema urbano” que se sente em relação aos católicos, já que “as outras confissões religiosas crescem” nesse ambiente.
A região de Lisboa e Vale do Tejo, uma das cinco analisadas no estudo (Açores e Madeira ficaram de fora), contribui “esmagadoramente” para a diversidade de posições religiosas, uma pluralidade que “afeta também o mundo católico”.
O responsável do Centro de Estudos de Religiões e Culturas da UCP observou que uma identificação “mais difusa” com a Igreja Católica não deixa de refletir-se “num conjunto de práticas”.
Ser praticante, acrescentou, “não corresponde ao estar presente na missa dominical” para muitas das pessoas que se identificaram como católicas.
Alfredo Teixeira referiu que o afastamento da prática religiosa não implica necessariamente uma desvalorização, afirmando que “globalmente”, a sociedade portuguesa tem uma “perceção positiva” do papel da Igreja Católica e que esta “continua a ser uma instituição de referência clara para compreender aquilo que são os portugueses atualmente”, concluiu.
A sondagem, que reuniu cerca de 4000 respostas, foi realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião e o Centro de Estudos de Religiões e Culturas da UCP entre outubro e novembro de 2011, em Portugal continental.
OC