«A Igreja vive da palavra», pelo que «qualquer coisa da sua identidade profunda morre» quando é esquecida, alertou cardeal-patriarca
Lisboa, 16 abr 2012 (Ecclesia) – O responsável pela organização da leitura do Evangelho segundo São Marcos por jornalistas e artistas, que decorreu este domingo na Sé de Lisboa, afirmou hoje à Agência ECCLESIA que a iniciativa “superou as expectativas”.
“O balanço é extremamente positivo quer no cumprimento dos objetivos quer na participação das pessoas”, relatou o padre Paulo Franco, que estima em cerca de 300 as pessoas que se juntaram para ouvir o segundo dos quatro evangelhos a aparecer na Bíblia mas o primeiro a ser escrito, de acordo com a maioria dos especialistas.
A ideia passou por apresentar o evangelho “não na forma tradicional na vida da Igreja, que é a sua leitura na liturgia, mas com caráter cultural”, para se perceber “que é na vida que essa palavra pode transformar os cristãos e ser fermento no mundo”, explicou o diretor do Secretariado da Ação Pastoral do Patriarcado de Lisboa.
“A centralidade da palavra de Deus no mundo e na cultura é sublinhada também pela forma como foi pensado este evento, com personalidades ligadas ao mundo da sociedade, que assumiram e afirmaram a sua importância”, realçou o sacerdote de 39 anos.
O responsável explicou que a leitura do texto que é proclamado nas missas durante este ano foi um evento “muito direcionado” aos católicos, embora a participação de artistas e jornalistas possa “ter chamado a atenção a algum público não tão ligado à vida corrente da Igreja”.
O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, presente no encontro, lembrou que “a Igreja vive da palavra”, pelo que “qualquer coisa da sua identidade profunda morre” quando os fiéis esquecem a escuta e a meditação da Bíblia, refere o site da Renascença.
“Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça”, convidou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, citando um dos “slogans” mais usados nos 16 capítulos do mais breve dos evangelhos.
Dina Isabel, locutora da Rádio Sim e uma das leitoras, acolheu o convite “com muito agrado e responsabilidade” e no fim da sessão referiu sentir-se “aliviada” e satisfeita por ter dado voz à narrativa.
A leitura do evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos foi também realizada pelos atores Miguel Guilherme, Filomena Gonçalves e Paulo Matos, bem como pelos jornalistas Paulo Nogueira (SIC) e Alberta Marques Fernandes (RTP).
No início do encontro foi distribuído o Evangelho segundo São Marcos numa edição em nove idiomas, correspondendo ao número de línguas faladas nas doze cidades europeias onde decorreu a Missão Metrópoles, iniciativa do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização.
A sessão marcou a conclusão do envolvimento do Patriarcado de Lisboa neste projeto, que desde 26 de fevereiro compreendeu seis catequeses quaresmais de D. José Policarpo, a leitura encenada de excertos da obra ‘Confissões’, de Santo Agostinho, e a Jornada Diocesana da Juventude.
RJM